26.10.07

Joaquim Chissano tem uma biografia política.

Joaquim Chissano foi há dias proclamado vencedor da primeira edição do prémio Mo Ibrahim que pretende premiar a boa governação em África e, entre outras coisas, o desapego pelo poder demonstrado pelos vencedores, neste caso por Chissano.
Conviria no entanto recordar - embora não aos outorgantes do prémio que sabem bem aquilo que andam a fazer -, que Chissano tem uma longa biografia política que o faz cúmplice e fautor de governos e de uma governação da FRELIMO que liquidou voluntariamente, em nome do "marxismo", da "revolução" e do "socialismo" (é verdade que podia ter sido em nome de outra coisa qualquer), a vida de muitas centenas de milhar de moçambicanos. É certo que hoje em dia estes pormenores da história não interessam nada. Mas ainda assim eu gostava, ao menos, que acontecessem duas coisas. Em primeiro lugar, que Chissano explicasse qual foi o seu papel na política genocida que a FRELIMO levou acabo em Moçambique em boa parte das décadas de 1970 e 1980. Em segundo lugar, que pedisse desculpas aos moçambicanos e ao mundo pelos crimes cometidos por governos moçambicanos de que fez parte ou a que presidiu. Depois que lhe dêem lá o prémio, não sendo má ideia que Chissano distribua os milhões de Euros que vai receber por instituições que em Moçambique poderão andar a tentar tratar das vítimas moçambicanas daquela que foi, a todos os títulos, uma independência exemplar.

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