11.10.07

Doris Lessing

Doris Lessing foi hoje “galardoada” com o prémio Nobel da Literatura. Conheço pouco daquilo que escreveu e apenas em traduções portuguesas que não me desiludiram. Do que li está lá, justamente, um olhar crítico, mas também analítico, sobre o mundo que nos rodeia e aquilo que desafortunadamente somos ou podemos ser em qualquer tempo ou lugar. Aprecio o seu pessimismo esclarecido e invejo, no bom sentido, a vida tranquila, banal e recolhida que tem levado nas últimas décadas mas que, no entanto, não a impede de se pronunciar sobre o estranho mundo em que vivemos - ou melhor, em que sempre vivemos.
Dando uma vista de olhos pela imprensa on-line depois de ter sido conhecido a quem fora atribuído o Nobel da Literatura deste ano, deparei-me com uma entrevista dada por Lessing ao El Mundo e na qual produziu estas duas belas e curtas respostas a um par de perguntas que muitas vezes se fazem aos mais velhos e às mulheres preocupadas com estado da chamada "condição feminina".
"Pregunta.- El próximo mes cumplirá 87 años. Supongo que, de vez en cuando, echa la vista atrás... ¿Qué ve entonces?
Respuesta.- Todo aquello tan espantoso que había cuando era joven ha desaparecido. Todo eso que parecía permanente: Hitler, Mussolini, la Unión Soviética, el Imperio Británico, todos los países europeos que eran imperio, el racismo en Estados Unidos, Franco... Se han ido...
[…]
P.- ¿Cuál es el papel de la mujer a estas alturas?
R.- El rol de la mujer ahora y siempre será el de tener hijos.
P.- Algo cambiará alguna vez... R.- Tenemos que seguir teniendo hijos, ¿no? ¿Y cómo vamos a cambiar eso?"

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