29.9.07

A Vitória

Foto: www.rtp.pt
Não sei até que ponto era (in)esperada, para quem conhece estas coisas por dentro, a vitória de Luís Filipe Menezes nas directas do PSD. Por agora, e por aquilo que tenho lido e ouvido, só sei que ou bem que perdeu o bom PSD (ou o que o PSD ainda tinha de bom), saindo vitorioso o mau PSD. Ou então ganhou o único PSD que, perto dos portugueses comuns e longe das elites que não se renovam, pode mudar a direita e o país.
Penso, porém, que não vale a pena ser tão definitivo. É óbvio que a realidade está algures no meio, sendo certo que caso Luís Filipe Menezes opte pelo “populismo”, depois das eleições de 2009 o PSD estará em muito pior estado do que aquele que Marques Mendes resgatou há um par de anos. De qualquer modo, e como também política está repleta de imponderáveis, será preferível que quem se interesse pela vida e pelo destino do "partido mais português de Portugal", não desespere nem fique eufórico nas previsões e cenários em que mergulhe. Se o PSD algum dia ganhar alguma coisa que se veja com Luís Filipe Menezes, nunca ganhará para sempre. E caso perca, por mais que perca, não perderá sempre.
É claro que também existe a possibilidade de a vitória de Luís Filipe Menezes poder, a prazo, conduzir à fundação de um novo partido de centro direita. Mas aqueles que o poderiam fazer dificilmente suportarão uma tal maçada. Ainda assim, pode ser que venha a acontecer. Tudo é possível, por mais improvável que neste momento pareça.

27.9.07

"Golpes de Teatro"

A saída de Santana Lopes, de forma extemporânea e em directo, de uma entrevista na SIC Notícias ontem à noite, não passou de um “golpe de teatro” em que, uma vez mais, o antigo primeiro-ministro assumiu o seu papel preferido: o de “vítima”. Pelos vistos, e a avaliar pelas reacções nos media, blogues incluídos, há em Portugal quem goste muito de “golpes de teatro” e de gente com predilecção e vocação para assumir o papel de “vítima”.

Aparições

É evidente que desde o passado mês de Maio as aparições de “Maddie” têm superado muitíssimo as da Virgem Maria. Mudança de paradigma? Nada disso. Até nisto se vê que quanto mais o mundo muda mais tudo vai ficando na mesma. Os católicos podem dormir descansados. Afinal até em terra de Sarracenos há aparições. Mesmo que depois não possam ser confirmadas.

25.9.07

Siga a Marinha

As directas no PSD mostram o estado deplorável em que se encontra o citado partido? Sim! Mostram o estado deplorável em que se encontram os partidos politicos portugueses? Certamente! Mas mostram, sobretudo, o estado deplorável em que se encontra a democracia portuguesa! No entanto, e como dizia o outro. "Siga a Marinha!"

Police no Estádio Nacional

São quase dez e meia da noite e a Rua Sacadura Cabral aqui no Dafundo mantém, desde há umas três quatro horas, filas intermináveis de automóveis. Tudo por causa dos Police e do seu concerto no Estádio Nacional. Moral da história: os índices de poluição cá em casa subiram para níveis impensáveis; o Estádio Nacional não serve para concertos pop; a malta que vai aos concertos pop é muito mais dependente das quatro rodas do que os maduros que enchem o citado estádio na final da Taça de Portugal e ignora bastamente, ou finge ignorar, a existência de uma estação da CP na Cruz Quebrada.

Mahmoud Ahmadinejad

O presidente do Irão, goste-se ou não do homem (e eu, confesso, não morro de amores pela personagem), mostrou ter alguns tomates ao aceitar apresentar-se na Universidade de Columbia em Nova Iorque para responder a todas as perguntas e mais algumas sobre política, história, direitos humanos, etc., etc..
Do pouco que li e vi sobre o assunto apreciei a fórmula que encontrou para responder à pergunta, óbvia, sobre a forma como os homossexuais são perseguidos, humilhados, torturados e liquidados no Irão. Com grande elegância e hipocrisia, de que seguramente não tem o exclusivo entre a classe política mundial, o homem lá disse, basicamente, que no Irão não há nem homossexuais nem homossexualidade. Ou seja, um cavalheiro não fala em público de questões que são apenas do foro privado de cada um, mesmo que a teocracia iraniana e grande parte das democracias por esse mundo fora pensem exactamente o contrário e ajam em conformidade.

O bunker de Archie Bunker

Excelente na forma e na análise este texto de Pedro Correia no Corta-Fitas sobre “Uma Família às Direitas”. Só discordo da conclusão. Em primeiro lugar, pelo facto de me parecer que a televisão, a começar pela norte-americana, e sobretudo a norte-americana, continua a produzir ficção – ou “séries” – de primeiríssima água. Em segundo lugar, não tenho quaisquer dúvidas de que na generalidade das boas séries, em tudo muito diferentes de “Uma Família às Direitas”, e não podia ser de outro modo, a questão do “politicamente correcto” não se coloca ou até se coloca para ser questionado ou demolido. Em terceiro lugar, por não concordar com a ideia de que os americanos são globalmente tacanhos e que aquilo que Archie Bunker representaria na série era apenas, ou sobretudo, sinónimo de tacanhez. Deixando para outra altura, se for caso disso, a questão da (não) tacanhez dos americanos, parece-me um tanto superficial que se conclua pela tacanhez daquilo que Archie Bunker e, eventualmente, a sua mulher representavam. Um Bunker de ideias e valores sem sentido e condenadas a ser trucidadas pela história. Uma avaliação destas das personagens protagonistas da série equivaleriam, justamente, a reduzir ao politicamente correcto os valores e o modo de vida que, muitas fezes em forma de caricatura, ambos personificavam. Aliás, se de pura tacanhez se tratasse jamais a série teria tido o êxito que conheceu à época e a actualidade estética e de mensagem que ainda hoje mantém. Toda a gente via que não se tratava apenas de tacanhez. Nem que seja pela prosaica razão de que os tacanhos, muito mais do que os intelectuais, têm quase sempre muito mais possibilidades de virem a ser resgatados pela história. A quem é que a história deu razão a partir de finais da década de 1980? A Archie Bunker ou ao seu genro e filha? Felizmente aos mais velhos. Pode não ter sido uma vitória em todos os tabuleiros, nem é sequer uma vitória irreversível. Antes pelo contrário. Mas é ainda assim uma vitória. Daí que quando revi a série há uns dois ou três anos tenha acabado por concluir que Archie, ao contrário daquilo que sustenta Pedro Correia, não era tacanho, apenas tacanho ou, sobretudo, tacanho. Era esperto, inteligente e, sobretudo, senhor de um saudável senso comum. E o sendo comum prevaleceu. Outra coisa é saber se prevalecerá no futuro.

Sócrates, sempre ele!

Sócrates vai hoje discursar na ONU e reclamar o fim da pena de morte em todo o mundo. Depois, descerá à terra.

Dúvida

Afinal quem é que actua hoje à noite no Estádio Nacional. Os Police ou os Pólice?

23.9.07

Diálogo


Pai: Fizeste uma defesa em grande estilo!
Filho: O que é "estilo"?

22.9.07

Nunca chegou tão cedo.

Este ano chegou cedo. Os primeiros sintomas anteontem. Ligeiras dores de cabeça; mal-estar; cansaço; um pouco de febre; expectoração; pingo no nariz; tosse. É a gripe e estou com uma.

20.9.07

Luca Toni



Mesmo tratando-se do Bayern de Munique, custa perder 1-0. Sobretudo, quando a bola entrou na baliza de Costinha na sequência de um remate executado por um jogador que se chama Luca Toni.

Cegueira ideológica e teimosia política

Se foi para apaziguar o terrorismo islâmico, e tudo indica que sim, que com Zapatero no Governo o Estado espanhol retirou as suas tropas do Iraque, é óbvio que se tratou de uma opção que produziu resultados inglórios. Confirmam-no as declarações mais recentes produzidas por uma espécie de porta-voz da Al-Qaeda (Ayman al Zawahiri) e nas quais os espanhóis e a Espanha são declarada e inapelavelmente acusados e ameaçados.
Repete-se assim na frente externa e com a Al-Qaeda aquilo que sucedera internamente e com a ETA. Trocam-se aliados certos – EUA e PP – por inimigos imprestáveis. Tudo por cegueira ideológica e teimosia política.

RTP no Allianz Arena

A partir das seis da tarde lá estarei colado ao ecrã vendo as imagens retransmitidas pelo canal público da televisão portuguesa desde Munique. Espero surpresas agradáveis, por mais improváveis que possam ser. Ou seja, que “os Belenenses” não percam por muitos!
Foto: Daily Mail
Na saída de José Mourinho do Chelsea impressiona-me a dimensão global que o acontecimento assumiu. Ver um português assim com tal destaque em tudo quanto é órgão de imprensa escrita, falada e vista é coisa única (ou quase). Desde o Nobel da Literatura que Saramago conquistou que não havia nada assim, embora o treinador português tenha vantagem. É verdade que este “mediatismo” vale o que vale nos tempos que correm. Mas não é fácil de conseguir. Sobretudo porque Mourinho se trata de um homem muito competente no exercício do seu ofício, ainda por cima num mundo que é extremamente competitivo.

19.9.07

Aquilino, o novo inquilino

Por maior que possa ser a qualidade literária da obra de Aquilino Ribeiro, tenho a certeza de que os ossos de pelo menos duas dúzias de escritores portugueses mereceriam, muito mais do que as do autor do Malhadinhas, repousar no Panteão Nacional. Diga-se também que outros tantos já falecidos terão tido qualidade idêntica e, portanto, deveriam já lá estar ou ir a caminho.
Por isso, e a não ser que seja por razões políticas e ideológicas que não discuto e considero legítimas, Aquilino não merece especialmente ficar ao lado de quem quer que seja no Panteão (o mesmo pode ser dito, por exemplo, para o caviloso “presidente-rei” Sidónio Pais).
Mas mesmo por razões políticas (os celebrados “republicanismo” e/ou “antifascismo” de Aquilino), outros escritores seus contemporâneos, ou quase (como Jorge de Sena, Ferreira de Castro, José Rodrigues Migueis ou Soeiro Pereira Gomes), teriam tantos ou mais méritos para merecer a distinção de serem reconhecidos como heróis da pátria, sendo no entanto certo que a muitos deles lhes falta, (in)felizmente, o selo maçónico outorgado pelo Grande Oriente Lusitano e a patine de uma tão presumível como inverosímil participação no assassinato de D. Carlos e do príncipe Luís Filipe.
Tirando esta confusão, não se percebe o motivo pelo qual o escolhido foi Aquilino (amigo íntimo e conterrâneo de Santos Costa), embora muita gente não tenha muitas dúvidas em encontrar vários, tanto por boas como por más razões. Certo é que a opção por Aquilino baralha, e muito, as possibilidades de escolhas futuras naquilo que à da literatura pátria diz respeito. Temo aliás que no futuro, e mais do que seria desejável, o sectarismo político-ideológico comande a prévia escolha dos esqueletos a depositar para as bandas da Feira da Ladra. Isto apesar de lá repousarem os ossos de Carmona, "pedreiro-livre", presidente da República da Ditadura Militar e do Estado Novo entre 1926 e 1951, muitas vezes um importante rosto de uma oposição moderada a Salazar e um dos mais populares chefes de Estado do século XX português.

18.9.07

Inverno Infernal

Independentemente daquilo que Vasco Pulido Valente escreveu este fim de semana no Público, e Fred Halliday há uns meses no sítio opendemocracy, parece óbvio que vem aí um Inverno escaldante, infernal mesmo. O estranho e quase secreto raid israelita na Síria – onde terão sido destruídas instalações nucleares daquele país construídas com tecnologia norte-coreana –; as ameaças francesas ao Irão; a intransigência norte-americana, e também alemã, em relação ao programa nuclear iraniano, já para não falar do ilusório apoio chinês e russo às posições de Teerão; a recessão da economia mundial ao virar da esquina e a continuada subida dos preços do petróleo, tudo isto e muito mais, parece querer juntar-se para garantir que no Inverno que se aproxima nem o Natal, nem o tão desejado novo tratado europeu, tenham grande importância para os ocidentais.
Mas se a guerra é para ter início, que comece bem e cabe melhor para as cores do “ocidente.” Algo que é, diga-se, francamente improvável. Também por isso, melhor seria que pudesse mudar-me já com a família para uma pequena quinta. Talvez fosse a forma menos má de evitar a escassez que aí vem.

17.9.07

Regresso

Regressei, pela primeira vez esta época, ao Estádio do Restelo. Fi-lo na companhia de um amigo benfiquista que costuma dar "azar" aos Belenenses. Quando ao intervalo tudo parecia indicar que a tradição se cumpriria - os Belenenses perdiam e jogavam mal por causa de um meio-campo demasiadamente lento e macio -, o rumo do jogo acabou por virar. Nos segundos 45 minutos os azuis passaram a jogar com maior vontade e rapidez. Ao facto não foi alheio a decisão tomada pelo treinador Jorge Jesus de mexer (bem) na equipa ao tirar Gabriel Gómez, o médio mais recuado, que fez substituir pelo avançado Evandro Paulista (autor do golo do empate). A partir daqui os Belenenses trocaram o 4-4-2 por um 4-3-3. Como se não bastasse, mas foi talvez o mais importante de tudo aquilo que se passou ao intervalo no balneário, Jorge Jesus na curta prelecção aos jogadores fez-lhes ver que deveriam mudar a sua atitude física e mental, devendo passar a jogar com maior rapidez e mais entrega. Dois bons golos de bola corrida e algumas oportunidades desperdiçadas demonstraram que os Belenenses eram e foram melhores do que os de Leiria que, na primeira parte, marcaram um golo que muitos afirmam ter sido irregular, mas que podia ter chegado ao segundo tento num livre directo parado com estrondo pelo poste direito da baliza azul.
Como de costume havia muito pouco público no Restelo. Mas devo confessar que aprecio, pela escassez de gente, os jogos dos Belenenses no seu estádio. É tudo calmo e familiar. Entra-se e sai-se rapidamente e em segurança dos jogos, pode-se tomar um café sem apertos e aceder com extrema facilidade ao WC. Daqui a quinze dias sou bem capaz de lá voltar.

16.9.07

Ajuizar

Como era facilmente previsível vai longa a discussão entre aqueles que “compreendem” ou “contextualizam” e, portanto, percebem o quase murro dado por Scolari a um jogador da equipa adversária no final do Portugal – Sérvia da passada quarta-feira, e os que não lhe perdoam a atitude, pedindo castigo exemplar para o seleccionador dos AA portugueses. Estes, além de reivindicarem a demissão de Scolari, seja por iniciativa do próprio seja por decisão da Direcção da FPF, julgam e condenam apenas com base naquilo que, vá-se lá saber porquê, consideram dever ser um comportamento imaculado por parte de um profissional de um qualquer ofício.
Quando deixei aqui este pequeno texto, apenas quis dizer que o destino de Scolari na FPF estava traçado, mesmo que Portugal possa vir a ganhar o Europeu de 2008. Disse-o, e repito-o. Porém, não me parece, nem me pareceu, que a atitude de Scolari, e sobretudo depois de analisadas as suas circunstâncias, visto o pedido de desculpas feito publicamente e tendo em conta a sua qualidade profissional e os resultados apresentados nos últimos quatro anos à frente da selecção portuguesa, mereça uma pena mais pesada do que uma multa pecuniária e uma advertência por parte da FPF, além de, noutro contexto, uma sanção justa e proporcional a aplicar pela UEFA, mas que, naturalmente, só será tomada depois de recolhida informação que será adequadamente analisada. É, afinal, assim que deve ser quando se trata de julgar e, eventualmente, condenar quem quer que seja ou o que quer que seja.
Toda esta polémica fez-me recordar ainda o exagero, ou a desproporção, das “penas” unilateralmente impostas pela FPF aos jogadores portugueses sub-20 que foram expulsos no derradeiro jogo disputado por Portugal no mundial realizado no Canadá este Verão, mas também reconhecer a capacidade que muitos de nós temos para ser exigentes e intransigentes, radicalmente exigentes e intransigentes, diria mesmo, quando se trata de “avaliar” o comportamento dos outros e exigir-lhes muitíssimo muito mais do que exigimos a nós mesmos ou àqueles de quem gostamos ou com quem nos identificamos.
Ainda assim, estes exageros merecem tudo menos um juízo idêntico por parte daqueles que, como eu, deles discordam. Daí que pense ser suficiente que nos limitemos a – sobretudo ao tratar-se de futebol – demonstrar a incoerência das teses defendidas. Basta ler, entre outras, a posição inflexível e altamente moralista de Daniel Oliveira sobre o caso, mas acima de tudo absurda e incoerente. Eu explico. Sendo público que Daniel Oliveira é um “grande sportinguista”, proponho aqui que se imagine o que ele não terá sofrido até há um par de anos quando, no “onze” da sua equipa do coração, jogavam dois homens que, segundo ele, embora nunca o refira, representam aquilo que mais vil pode existir no desporto-rei. É que no Sporting jogaram durante alguns anos homens como Sá Pinto (que esmurrou Artur Jorge quando este era “seleccionador” nacional) e João Pinto (que agrediu, também ao murro, o árbitro do tristemente célebre Portugal – Coreia do Sul no Mundial de 2002). Acrescentaria mesmo, que dada a natureza desta dupla maravilha, ainda hoje Daniel Oliveira, coerentemente, não contabilizará os títulos que o seu Sporting conquistou enquanto estes artistas da bola vestiram de “lagarto”. E no entanto, todos sabemos que nada disto passou alguma vez pela cabeça de Daniel Oliveira. Mas para que se não pense que algo me move contra o autor do Arrastão e o seu Sporting, apenas sublinho o óbvio. Todos aqueles que inapelavelmente condenam Scolari porque sim, deviam fazer um esforço para encontrar na vida dos seus clubes comportamentos idênticos ou piores do que o de Scolari na passada quarta-feira. Quantos dirigentes, treinadores ou jogadores do nosso clube do coração fizeram do pior que se pode imaginar e nunca mereceram, porque realmente não valia a pena, comentários e juízos tão desconchavados? Exemplos não faltaram e motivos para corar de vergonha ainda menos. Verdade?

14.9.07

Computadores e benzeduras

José Sócrates passará hoje quatro horas em Varsóvia onde tentará, uma vez mais, e provavelmente sem êxito, convencer as autoridades polacas acerca da bondade para a Europa do tratado reformador que estará a ser preparado algures no velho continente.
Como forma de ajudar Sócrates a evitar o fracasso do seu propósito - seu e o dos seus coleguinhas europeus - proponho aqui que repetisse a "performance" ensaiada numa escola pública há um par de dias. Que se benza e entregue aos seus colegas do governo polaco uns computadores portáteis (neste caso, topo de gama com a acesso a banda larga na internet).

12.9.07

Portugal 1 – Sérvia 1


Quando se fará a sucessão de Scolari?
Como se fará a sucessão de Scolari?
Quem sucederá a Scolari?

Minorias

Nunca liguei muito às "minorias", sejam elas nacionais, étnicas, culturais, sexuais ou outras. E no entanto a “humanidade” nunca as ignorou. Fosse por bons ou, sobretudo, maus motivos. Perseguiu-as, humilhou-as, expulsou-as, descaracterizou-as, ou pura simplesmente matou-as. Hoje em dia são tanto vítimas do mais puro racismo e xenofobia, como alimento indispensável de grupos políticos dos mais variados que as perseguem ou dizem pretender protegê-las.
Vem isto a propósito das já muito famosas e comentadas declarações de Maria José Nogueira Pinto. Segundo a “Dra.”, as lojas chinesas, presumo que pela baixa qualidade do serviço prestado e escassa aparência estética e de classe, devem ser removidas da Baixa lisboeta e colocadas numa Chinatown que não se sabe onde ficará. É óbvio que na proposta de Maria José Nogueira Pinto há uma certa dose de racismo e de xenofobia. Mas ela reflecte o sentimento de muitos lisboetas e portugueses, fazendo-nos ainda recordar um tempo em que minorias como a chinesa (embora não em Portugal), a judaica ou a muçulmana conheciam os espaços próprios onde faziam a sua vida, o que acontecia em grandes, pequenas e médias cidades por esse mundo cristão e não só. Valha a verdade que muitas vezes as minorias se autosegregavam, como ainda se autosegregam, o que ajuda a perceber as declarações (à TSF?) de um representante da comunidade chinesa em Lisboa a quem não pareceram mal as propostas ainda informais avançadas pela antiga vereadora do CDS.
É pois perante uma realidade complexa que nos encontramos e sobre a qual não vale a pena tecer grandes considerações de natureza política, social ou moral. Só gostaria de acrescentar que a melhoria do nível dos serviços comerciais prestados na Baixa não depende apenas da remoção do comércio chinês. Desde do tráfico de droga à prostituição, passando por muito comércio nacional, a Baixa é um local onde se concentra aquilo que de pior existe na capital portuguesa. Daí que a remoção do comércio chinês, que presta um serviço à altura do poder de compra de muitos lisboetas, não resolva qualquer problema da Baixa. A eventual saída do comércio chinês da Baixa, sem uma substituição nacional ou estrangeira à altura, caso os portugueses não vejam subida sensível no seu poder de compra nos próximos tempos, acabará por agravar ainda mais o problema da desertificação do centro da capital. É, portanto, um problema de mercado. Aliás, no dia em que os portuguesas estejam mais ricos as lojas chinesas, como existem, terão uma de duas hipóteses. Ou vão para outras paragens por falta de clientela, ou melhoram todos os aspectos do serviço que prestam acompanhando as exigências dos consumidores.

11.9.07

Comboios



Segundo garante um "estudo preliminar", o TGV entrará em Lisboa usando o "canal" utilizado pela linha ferroviária do "Norte." Fica agora a pergunta. Por onde é que entrarão em Lisboa os comboios ditos normais?

Pergunta

Ao que consta, 10 de Outubro será, com objecções polacas, o "dia europeu contra a pena de morte." Pergunto eu, no entanto, se não seria melhor reclamar a pena de morte para esta febre absurda e perigosa que passa por ter um "dia europeu" para (quase) tudo.

Declaração

Sobre o caso Madeleine McCann, enquanto fautor de entretenimento em que não se percebe se a realidade é ficção ou a ficção é a realidade, só tenho uma coisa a declarar em favor da qualidade da intriga, da espessura das personagens e do desenlace da história. Ou bem que há uma vasta conspiração da PJ para ocultar a sua incompetência, incriminando o casal McCann ao fazer uso dos recursos mais odiosos e surpreendentes (logro que conseguirá sustentar até ao derradeiro capítulo), ou então os pais são culpados de homicídio e de ocultação de cadáver. Neste caso haverá lugar na narrativa para o relato de vários pormenores escabrosos acerca da vida e do carácter do casal McCann. Menos do que isto revelar-se-á uma total e perfeita desilusão para aquele que me parece ser maior e mais persistente acontecimento “mediático” de que guardo memória.

8.9.07

Encontros e desencontros

Encontrei hoje num Centro Comercial muito usado por gente que vive em Cascais e arredores, uma amiga que não via há mais de cinco anos. Lá estava eu com o meu filho e ela com a dela. Nem ela conhecia o meu nem eu a dela. Nestes últimos anos apenas falámos pelo telefone e trocámos um ou outro s.m.s. quando as circunstâncias assim o exigiriam. Mas isto não interessa nada. O que importa é o facto de, cada vez mais, encontrar caras amigas ou conhecidas dentro de locais de consumo que são também, quer queiramos quer não, espaços de laser. É verdade que me cruzo com muita gente conhecida e amiga em locais onde trabalho. Mas acabaram, ou quase, encontros em bares, restaurantes ou na praia, já para não falar na rua ou no cinema. Também nisto mudou muito a nossa vida nos últimos cinco ou dez anos. Só gostava de ter uma ideia de como será amanhã. Ficaremos pelos centros comerciais ou virá aí alguma novidade que não seja virtual?

5.9.07

Da União Ibérica

Afinal Saramago tinha razão quanto à inevitabilidade de uma União Ibérica. Só se enganou no timing. Tudo acontecerá muito mais brevemente do que o laureado escritor supunha. Depois de, no passado Sábado, num concurso de danças em jeito de Eurovisão, os portugueses terem atribuído nota máxima (doze pontos) aos concorrentes espanhóis e os espanhóis os mesmos doze aos dançarinos portugueses, hoje a selecção espanhola de basquetebol, campeã do mundo em título, fez o favor de se deixar perder com a Croácia, única forma que a equipa portuguesa tinha de conseguir o seu apuramento para a 2.ª fase do campeonato europeu daquela modalidade a decorrer no país vizinho há três ou quatro dias.
Os cépticos, como todos nacionalistas e patriotas portugueses, dirão que tudo isto não passa de uma triste (ou feliz) coincidência. Posso garantir, depois de aturada análise, que a União Ibérica está mesmo ao virar da esquina (aguardam-se outras “coincidências”) e não é coisa de políticos ou de políticas. Forças poderosas, discretas e, ainda, desconhecidas, movimentam-se por toda a Ibéria e nada as demoverá dos seus intentos.
P.S.: Posso garantir que na futura Ibéria um litro de gasolina sem chumbo 95 se manterá a um pouco mais de um Euro e que a taxa mais alta de IVA nunca ultrapassará os 16%. O que é que dirá Francisco Louçã sobre o assunto?
P.P.S.: A Ibéria será monárquica, excepto nos meses de Verão. É que há anos que a família real espanhola não tem férias a sério. Verão após Verão sempre a navegar e a ser fotografada em Palma de Maiorca. P.P.P.S.: Também não pode ser à toa que Cavaco Silva se deu ao trabalho de considerar "absurda" uma união entre os dois estados ibéricos.

Vão até lá que eu também!

Há já algum tempo o meu colega e amigo de andanças universitárias em Évora e por esse mundo, Helder Adegar Fonseca, tinha-me confessado estar a preparar-se para entrar na blogosfera. Recebi hoje um e-mail do Helder com o nome do blogue: “diário de uma cátedra à janela”. Apesar do nome, estou seguro que nele não se falará de cátedra, excepto quando tiver que ser. Se como historiador o Helder não precisa de apresentações, como académico posso garantir que é, entre outras coisas, e como se poderá ver com o passar do tempo, um dos mais bem preparados e informados sobre a vida universitária portuguesa e europeia. Vão até lá que eu também!

“Animais de Quinta”

Esta notícia no El Mundo acerca do perigo de extinção dos aparentemente inócuos e protegidos “animais de quinta”, não passa afinal da demonstração clara de que o mais evidente e óbvio dos darwinismos acaba por ser não tanto o biológico mas o social. Como se pode ler no apontamento daquele jornal espanhol, tem sido a produtividade de certas espécies de “animais de quinta” que tem tornado dispensáveis e colocado à beira da extinção muitas raças de vacas, porcos ou galinhas e favorecido umas outras poucas.
De qualquer modo, o mais interessante desta notícia reside no facto de nos fazer supor que, mais cedo do que tarde, serão apenas os tipos humanos mais adaptados à dura realidade da vida numa sociedade cada vez mais globalizada, homogénea e competitiva que acabarão por sobreviver. Se assim for tentemos adivinhar se tais sobreviventes poderão vir a ser mais ou menos felizes do que aqueles que, na biodiversidade humana ainda existente, os antecederam e antecedem.


Foto: Um belo exemplar de "Vaca Frísia". De perfil...

4.9.07

Contributo

Esta notícia no El Mundo on-line acerca da "recuperação" pelas autoridades colombianas dos cadáveres de onze deputados mortos na sequência do seu sequestro pelas FARC (aqui está um link para o comunicado emitido pelas FARC após a morte dos citados deputados), é o meu contributo para o debate que segue aqui e ali na blogosfera a propósito da presença de gente daquela organização terrorista latino-americana na festa do jornal Avante!
Devo no entanto acrescentar que não percebo a insistência dos comunistas portugueses na demonstração pública que fazem ano após ano do seu convívio com as FARC. É que o PCP, que teve aqui e ali os seus flirts com a “luta armada” em Portugal e lá fora, foi e é, estruturalmente, uma realidade política muito institucional e legalista.

3.9.07

É interessante e esclarecedor ler, um pouco ao estilo Maria Filomena Mónica, este texto de Fernanda Câncio. Fiquei a saber que a senhora jornalista, em 17 anos, raramente, ou mesmo nunca, tocou no aspirador e na máquina de lavar roupa lá de casa. Quantos comuns mortais, como eu, poderão dizer o mesmo? A partir de hoje terei muito mais respeito e consideração por tudo aquilo que Fernanda Câncio diga e escreva acerca das grandes questões sociais do Portugal de hoje, nomeadamente as respeitantes a toda a sorte de violências de que os mais desprotegidos são vítimas. É que quem não pratica ou não vai a jogo não tem apenas uma perspectiva; tem sempre, isso sim, a melhor das perspectivas.