30.1.08

McCain: o futuro imediato.

"Most impressive for McCain was his strength in the way voters perceived him as a person. He was picked overwhelmingly as the candidate who says what he believes. A vast majority also thinks McCain is the most likely candidate to beat a Democrat in November.
Next week, McCain, long the GOP maverick, must show that he can leverage those strengths and rebuild a Republican coalition that has struggled through a fractious primary season.
If he can continue to cut his losses among core conservatives, build on his popularity among moderates, leverage his natural strengths on national security and war, and even win over some of his party's skeptical economic conservatives, this maverick will stand a realistic chance to become the embodiment of his party's establishment -- its nominee for president."
Peter Wallsten, "The GOP could have its unifier" in Los Angeles Times.

29.1.08

A Remodelação


Do governo, e à primeira vista, só saíram dois ministros que se encontravam em estado adiantado de putrefacção política. Mas, e pensando bem, não basta estar podre para se deixar de estar sob da asa protectora de Sócrates. Em avançado estado de decomposição política, ainda ficaram no Governo, além de Sócrates, os ministros da Agricultura, do Ambiente, do Ensino Superior, do Ensino (só) e do Ambiente. O cheiro não se aguenta!

28.1.08

Operação "Barbarossa"

Da coluna à esquerda removi tudo o que dizia respeito à já ultrapassada revolução bolchevique. Colquei agora a capa de um muito interessante livro acerca dos antecedentes imediatos da invasão alemã (e europeia) da URSS em Junho de 1941. Nele se recupera, de forma convincente, a velha, discutível mas interessante tese segundo a qual a URSS teria atacado a Europa e a Alemanha caso a "operação Barbarossa" tivesse sido atrasada num par de meses.
Escolhi ainda um filme no youtube para ilustrar o evento. Alguma razão especial? Não! A não ser por se tratar de um tema que sempre me interessou.

27.1.08

Obama Barack na Carolina do Sul

No seu discurso de vitória ontem na Carolina do Sul, o senador Barack Obama sentiu a necessidade de afirmar que a sua vitória seria, será (ou era?), para os EUA e o seu "povo", o triunfo do "futuro sobre o passado", o que se deve, explica ele, ao facto dos norte-americanos estarem "ansiosos por mudança". Nesse mesmo discurso sublinhou ainda que a "escolha nesta eleição não é entre regiões ou religiões ou géneros. Não é sobre ricos versus pobres, novos versus velhos, e que não é sobre negros versus brancos." Em resumo, tentou desmentir o óbvio. Ou seja, reconheceu que a sua eleição para a presidência dos EUA poderá aguçar as velhas e novas divisões profundas que caracterizam a história da sociedade e do sistema político norte-americano desde a guerra civil (daí a referência às regiões e aos negros e brancos) até às guerras culturais do pós-segunda guerra mundial em torno da igualdade entre “raças”, “género”, “religiões”, “aborto” e “orientação sexual”. Barack tentou esconder que não está preparado para, nem eventualmente quererá, enfrentar uma situação em que muitos "novos", "mulheres" e "negros" tenham expectativas às quais um presidente dos EUA não pode corresponder mas, e sobretudo, demonstrou ter percebido que a vitória da sua candidatura pode provocar uma onda de conflitualidade e, depois, de desespero que transformariam o seu mandato num fracasso e numa catástrofe que a América e o Mundo não serão capazes de suportar.

25.1.08

O gesto do sr. Helmut Schmidt



Helmut Schmidt, agora com 89 anos, puxou do cigarro e fumou algures na Alemanha em local onde era absolutamente proibido fazê-lo. Foi denunciado e será, ao que tudo indica, levado a explicar perante a justiça germânica a razão de um comportamento que uns julgam natural (como foi durante décadas) e outros uma afronta à sã convivência entre os humanos e à boa saúde física e espiritual dos mesmos. Por mim, a quem o debate sobre a nova lei do tabaco portuguesa não comove, só gostava de conhecer as razões que levaram este homem, de que lembro de ver na televisão e nos jornais já lá vão mais de 20 anos, a fumar onde não devia. Distracção, incontinência, senilidade, irresponsabilidade, desafio às regras que despreza e à sociedade que as cria?

24.1.08

A outra crise...

Enquanto empresas cotadas nas bolsas deste mundo vêem o valor das suas acções a subir e a descer num autêntico cenário de montanha russa. Enquanto se fala, por aí, na inevitabilidade de uma recessão da economia norte-americana que, aparentemente, não deixará pedra sobre pedra, o governo italiano caiu, e caiu bem (ler a notícia e ver o vídeo, por favor). Como se não bastasse, e mantendo a tradição, os senadores italianos que votaram o destino do sinistro governo Prodi, envolveram-se numa cena de insultos e de pugilato ligeiro que acabou com o insultado-mor desmaiado algures no hemiciclo (exactamente aquele que teria votado a queda do Governo mas não devia tê-lo feito). Entretanto, Mussolini, onde quer que esteja e que tão bem conhecia Itália e os italianos, aplaude. Mas também garante que, no que dele dependa, não volta. Outros, porém, espreitam e esperam. Até quando?

21.1.08

Portugal e os portugueses sob ameaça




Como se não bastassem as ameaças terroristas que nos amedrontam, roubaram uma camisola do Cristiano Ronaldo do balneário do Reading. A polícia britânica está a investigar, mas devemos continuar vigilantes.

20.1.08

Primárias Republicanas: Nevada e Carolina do Sul (ligeiramente actualizado)

McCain venceu ontem as primárias na Carolina do Sul após uma derrota esperada mas pouco importante no Nevada. Recorde-se que nas últimas décadas todos os candidatos republicanos que venceram as primárias na Carolina do Sul acabaram nomeados pelo seu partido. McCain tem conduzido a campanha como "corredor de fundo", ganhando votos e intenções de voto de forma muito significativa desde finais de 2007. Talvez deva agora, além de sublinhar os aspectos lógicos da sua posição sobre a imigração e o combate ao terrorismo, pronunciar-se mais sobre questões económicas.
Dia 29 deste mês acontecerão as primárias na Flórida onde se supõe que Rudolph Giuliani apareça na corrida pela primeira vez – espera-se até que ganhe -, já que naquele estado tem centrado a sua campanha nesta fase das primárias.
De qualquer modo, e passo a redundância, é óbvio que tudo ficará decidido na Terça-feira dia 8 de Fevereiro. Nessa altura ver-se-á se os republicanos escolherão para candidato à presidência o homem que em 2000 devia ter vencido George W. Bush nas primárias do partido. Isto não significa, porém, que McCain chegue fora do tempo. 2008, e no que respeita a McCain, será sempre o ano certo para os republicanos e para os EUA.
Foto: Cindy e John McCain.

19.1.08

Iminente


O El Pais on-line noticia hoje que Portugal faz parte, segundo a agência de serviços de informações espanhóis (Centro Nacional de Inteligencia), de uma pequena lista de quatro países europeus em que ataques terroristas perpetrados por radicais islâmicos estão (ou estiveram?) na iminência de acontecer. Não será este o momento certo para enviar Mário Soares negociar com a Al-Qaeda e as respectivas sucursais?

17.1.08

O Bando

Nada satisfeitos com o facto de quotidianamente exporem impunemente a sua intolerância e a sua ignorância nos media cá do burgo, há um bando de jovens "comentadores" e "analistas" do político, do social e de tudo, que quer agora, pondo na boca de Pacheco Pereira, Vasco Pulido Valente e António Barreto aquilo que não disseram, levar a cabo uma cruzada com contornos e objectivos claros. Tudo fazer para que o espaço público passe a ser ocupado em exclusivo por esse mesmo bando que não pretende o debate, odeia a liberdade e despreza a tolerância. O bando deseja apenas ridicularizar os seus inimigos pela simples razão de que não tolera que existam homens (ou mulheres) que pensem livremente, em especial contra as ideias feitas que, do Governo aos partidos, do poder autárquico aos media, tudo ocupa e tudo destrói.

... uma vila da raia da beira litoral

Segundo o Rádio Clube Português, ouvi agora mesmo, Penamacor é uma vila da "raia na Beira Litoral." Não diria melhor. O pior é que estamos sistematicamente a ouvir, e não apenas no Rádio Clube Português, disparates destes. Assim vai o nosso jornalismo de referência!

15.1.08

Sarkozy

Tanto quanto me lembro, nunca escrevi sobre Sarkozy. Aproveito o recente, e ainda não desmentido, casamento do presidente francês com Carla Bruni para o fazer e para notar que o inquilino do Eliseu parece estar a usar, como nenhum dos seus antecessores ou qualquer um dos restantes chefes de governo ou de Estado europeus, a vida privada para fazer política. Ou se se quiser, para iludir algumas grandes questões políticas que tem na sua agenda. Não durará muito. Mas enquanto o pau vai e vem, folgam as costas. Uma opção política como qualquer outra, cuja bondade os conselheiros políticos de Sócrates ainda não lhe apresentaram ou não o conseguiram fazer aceitar.
Foto: Marie Claire.

14.1.08

O estranho caso do Banco de Portugal

Suspeito que este ping-pong entre PSD e Banco de Portugal, por causa da crise do BCP, só é possível por causa da reavaliação das contas públicas que Banco de Portugal e Vítor Constâncio aceitaram fazer logo após a chegada de Sócrates à chefia do Governo servindo os interesses destes e não cuidando da independência da instituição.

Esta inopinada e singular entrada do Banco de Portugal no combate político quotidiano – espaço tradicionalmente reservado ao Governo, ao Parlamento, aos partidos, aos sindicatos, às organizações patronais ou à presidência da república – diminuiu, objectivamente, a autoridade daquela instituição. Se não estiver errado nesta apreciação, não serei eu quem irá prever quando e com quem o Banco de Portugal ganhará a credibilidade e a imparcialidade desperdiçada, aparentemente, em nome de nada e a troco de nada.

Foto: Agência do Banco de Portugal em Évora.

13.1.08

John McCain III

O Desconcertante declara sem qualquer solenidade que apoia John McCain. Por isto (no P2 de hoje).... «O antigo piloto [John McCain III] compreendeu que tinha de ganhar as primárias entre os republicanos e que só o conseguiria convencendo um a um os eleitores. Literalmente. Por isso, durante semanas, tratou de bater à porta de vinte mil republicanos, seis horas por dia, seis dias por semana, gastou as solas a três pares de sapatos e, sobre o inclemente sol do Arizona, contraiu cancro de pele, o que o obrigou a quatro pequenas cirurgias cujos traços ainda não desapareceram. Mas não só: os primeiros debates que teve revelaram um político com mais intuição do que a detectável pelos consultores políticos. Num desses debates, quando o atacavam por não ter nascido nem vivido no Arizona, após ter ensaiado dezenas de justificações diferentes, deixou escapar o que à época, com as feridas do Vietname ainda a sangrar, estava longe de ser óbvio: "Servi 22 anos na Marinha, o meu pai serviu a vida inteira, o meu avô também. No serviço militar passamos a vida a mudar de casa, vivemos em todos os recantos do país, nos mais diferentes locais do mundo. Gostava de ter tido o privilégio de, como vocês, ter vivido toda vida num local tão agradável como Phoenix, mas estive a fazer outras coisas. Aliás, pensando bem, o lugar onde vivi mais anos na minha vida foi numa prisão em Hanói". A audiência nem quis acreditar, mas quando caiu em si rebentou em aplausos e o diário Phoenix Gazette falaria no dia seguinte da mais devastadora resposta política que jamais escutara. Mas ainda se estava longe de perceber que aviador-feito-político apenas havia deixado que o coração falasse, e que seria com essa marca indelével que construiria a sua carreira na Câmara dos Representantes e, a partir de 1986, no Senado.»... E muito mais! Mesmo reconhecendo que não votarei a 4 de Novembro de 2008 algures em território dos EUA.

12.1.08

José Medeiros Ferreira

Apesar de apenas por uma vez, e por muito pouco tempo, ter sido ministro, Medeiros Ferreira tem uma vida (e digo uma vida e não uma carreira) política singular entre os homens e mulheres da sua geração que se opuseram a Salazar e a Marcello, e depois lutaram pela instauração e consolidação de uma democracia liberal e social – este último termo, segundo Medeiros Ferreira, na entrevista de hoje na RTP 2, muito desaparecido ultimamente do vocabulário do PS e do Governo Sócrates.
Não vou agora resumir a sua biografia política que remonta ao início da década de 1960 e que, provavelmente, alguns terão algumas vezes antecipado poder ter chegado ao fim em vários momentos, nomeadamente quando Sócrates, eleito secretário geral do PS, praticamente o escorraçou do partido, ou quando, mais uma vez, se envolveu numa candidatura presidencial perdedora – desta vez a de Mário Soares. Aliás, esta tendência de Medeiros Ferreira para apostar, desde 1976, em combates políticos que redundaram em fracassos de maior ou de menor monta (embora com alguns êxitos importantes e reconfortantes pelo meio), quando se trata de um homem muito inteligente e de uma grande experiência política, cria à sua volta, e pelo menos do meu ponto de vista, uma certa neblina que não permite destrinçar aquilo que efectivamente está em causa em muitas das suas atitudes e escolhas. E isto é assim, mesmo que digam que Medeiros Ferreira faz política em nome de ideias e ideias, por vaidade e/ou pela simples paixão – que também será vício.
Mas em Medeiros Ferreira aprecio e valorizo cada vez mais, e aí reside a sua singularidade consolidada de analista, comentador e, também, de político eternamente activo (mas não no activo), o facto de estar a conseguir cumprir, mais do que nunca, aquela que é, certamente, a ambição de um homem eternamente preocupado com o mundo à sua volta. Escreve e fala regularmente nos jornais, nas rádios, nas televisões e na blogosfera com uma precisão, frieza (que é também paixão), inteligência e ironia (ora de fora da política para dentro desta, ora de dentro desta para fora), que o torna numa personagem com uma identidade única no nosso regime político. A sua já citada entrevista de hoje à RTP 2, mas que o Público publicará amanhã Domingo e a Rádio Renascença reproduzirá, também amanhã, antes do almoço, foi um exemplo disto tudo: de alguém que analisando não deixa de intervir no momento certo e no sítio certo, fazendo questão que assim seja.
Boa gente, desiludida com os destinos da pátria e que reconheça em Medeiros Ferreira qualidades políticas muito acima da média, dirá que é uma pena que um homem como este não tenha estado mais próximo do exercício do poder político em Portugal nos últimos 30 anos. Por mim, e desde logo, estou convencido de que não esteve assim tão afastado. Afinal, foi deputado em várias legislaturas e, antes disso, deputado à constituinte, além de “eurodeputado” (o que não é de somenos). Mas sobretudo, e egoisticamente, devo dizer que não desejaria ver um homem que não é da minha área político-ideológica – ou eu não sou da dele – a tornar mais eficaz e respeitável política e intelectualmente o campo dos outros, ao mesmo tempo que poderia acabar por nos privar tanto do convívio quotidiano que nos proporciona nos media modernos, como da redacção de umas memórias que, só hoje percebi, não deixará um dia de publicar.
Foto: fcsh- unl.

11.1.08

Quem Manda?

A opção de Sócrates pela ratificação parlamentar do Tratado de Lisboa e pela localização do novo aeroporto de Lisboa em Alcochete dá a ideia, forte, de ser Cavaco Silva quem conduz, a um ano de eleições legislativas, o essencial da governação. Se for verdade não sei se é bom. Mas na verdade, parece-me não ser nada assim. Certo, certo, é que o futuro o dirá.

O ministro com os dias contados

Muito boa gente critica Mário Lino por não se demitir por causa da localização do novo aeroporto de Lisboa. Afinal, dizem os críticos, o ministro irá "presidir" à execução de um projecto em que não acredita. No entanto, e para e para o mal (umas vezes mais para o mal do que para o bem), o normal é que os políticos não façam apenas (nem sobretudo) aquilo em que acreditam, nem sequer é suposto que os políticos acreditem no que quer que seja. A política, de facto, e sobretudo para os cínicos, é acerca do poder e do prestígio. Isto não significa, e como é óbvio, Mário Lino não tenha os dias contados.

4.1.08

Ava Gardner: "Can't help lovin' dat man of mine."



Ava Gardner dobrada por Annette Warren.

Lisboa-Dakar cancelado...

Iowa Caucuses 2008

Foto: Mike Huckabee, o vencedor das primárias republicanas ontem no Iowa.
Os resultados de ontem no Iowa, nas primárias para a presidenciais norte-americanas de Novembro próximo, deram num rotundo triunfo da excentricidade. A dúvida está em saber se a excentricidade é para manter. Aposto que não!

3.1.08

A outra "Feira do Relógio"

Por estes dias a Praça do Império em Lisboa, por causa desse grande acontecimento do desporto motorizado que dá pelo nome de "Lisboa-Dakar", está transformada numa outra "feira do relógio" que, quanto ao tipo de público, só na aparência é mais sofisticado. Por alguma razão, há já alguns anos o nefasto evento deixou de se chamar "Paris-Dakar". Os parisienses perceberam como é pernicioso para a sua qualidade de vida um acontecimento desta natureza.