No seu discurso de vitória ontem na Carolina do Sul, o senador Barack Obama sentiu a necessidade de afirmar que a sua vitória seria, será (ou era?), para os EUA e o seu "povo", o triunfo do "futuro sobre o passado", o que se deve, explica ele, ao facto dos norte-americanos estarem "ansiosos por mudança". Nesse mesmo discurso sublinhou ainda que a "escolha nesta eleição não é entre regiões ou religiões ou géneros. Não é sobre ricos versus pobres, novos versus velhos, e que não é sobre negros versus brancos." Em resumo, tentou desmentir o óbvio. Ou seja, reconheceu que a sua eleição para a presidência dos EUA poderá aguçar as velhas e novas divisões profundas que caracterizam a história da sociedade e do sistema político norte-americano desde a guerra civil (daí a referência às regiões e aos negros e brancos) até às guerras culturais do pós-segunda guerra mundial em torno da igualdade entre “raças”, “género”, “religiões”, “aborto” e “orientação sexual”. Barack tentou esconder que não está preparado para, nem eventualmente quererá, enfrentar uma situação em que muitos "novos", "mulheres" e "negros" tenham expectativas às quais um presidente dos EUA não pode corresponder mas, e sobretudo, demonstrou ter percebido que a vitória da sua candidatura pode provocar uma onda de conflitualidade e, depois, de desespero que transformariam o seu mandato num fracasso e numa catástrofe que a América e o Mundo não serão capazes de suportar.
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