27.2.08

A entrevista

A entrevista de ontem de Menezes na SIC Notícias – a que não assisti – parece que produziu, segundo as manchetes de hoje, duas importantes e muito esperadas declarações.
a) Que Menezes deposita em Santana Lopes toda a confiança política, ao mesmo tempo que o vê como um líder parlamentar muito competente.
b) Que quando for primeiro-ministro, Menezes compromete-se a que a televisão pública deixará de ter publicidade.
Os sociais democratas e o país podem estar descansados. Menezes é homem de visão e com ampla capacidade de liderança. Aliás, como grande estadista que é, e ao que parece, Menezes nada disse de substantivo sobre temas menores como a economia, o desemprego, o ensino ou a saúde.

25.2.08

Zapatero-Rajoy

O debate desta noite em Espanha, opondo os dois principais candidatos à presidência do Governo daquele país, foi não só interessante como importante. Importante porque retomou uma prática interrompida durante várias legislaturas e usou uma metodologia de debate equilibrada entre a máxima liberdade e o controle mínimo mas eficaz do papel a desempenhar pelo moderador e das tentações monopolizadoras do discurso por parte dos dois contendores. Foi também importante por ter sido um debate esclarecedor quanto à forma como Zapatero e Rajoy entendem o país que pretendem governar, embora muito menos quanto à apresentação e discussão de programas de Governo.
Sucede que política e ideologicamente Zapatero e Rajoy têm um entendimento muito diferente daquilo que foi, é e deverá ser a Espanha. Apesar de potencialmente polarizadoras da sociedade espanhola, as diferenças existentes entre PP e PSOE e entre Rajoy e Zapatero são estimulantes e fizeram-me ver pela primeira vez que a democracia espanhola e sociedade espanhola perderiam a prazo alguma coisa se ambos aqueles líderes se posicionassem mais ao centro. Ou seja, em Espanha há posições claras e divergentes sobre os mais variados temas e tal facto, ao qual Rajoy e Zapatero dão corpo e voz, só enriquece uma sociedade e um sistema político democrático.
Quanto aos detalhes, e apesar do simplismo propositado, pareceu-me que Rajoy olha para a Espanha enquanto estado e nação nascidos e consolidados pela vontade e pelo esforço desenvolvido a partir do reinado dos reis católicos. Pelo contrário, a Espanha “plural” de que Zapatero fala e vai tentando construir, pareceu-me hoje, como nunca, a Espanha medieval anterior aos reis católicos. Este facto é importante em si mesmo, para a Espanha, para os espanhóis e, pelo menos, para a Europa. Mas é também importante para Portugal, porque caso essa espécie de Espanha medieval possa ser restaurada pelo PSOE de Zapatero, a posição e o papel de Portugal em Espanha (aqui como sinónimo de Península Ibérica) alterar-se-á substancialmente. Zapatero mostrou ainda todo o seu optimismo e a sua crença (penso que não será cínica) na bondade de todos os homens e mulheres. Até nisto é um socialista e um homem de esquerda. Rajoy, pelo contrário, é um pessimista, ou, se quisermos, um realista. Tal ficou bem evidente na forma, por vezes exagerada, como analisou e comentou a realidade da imigração em Espanha.
Quem viu o debate percebeu também que Zapatero e o seu Governo puderam gozar uma conjuntura económica que o PP de Aznar preparara para o PP com Rajoy à frente do Governo. Também se viu Zapatero fazer tanta oposição aos oito anos dos governos de Aznar, como Rajoy fez aos quatro anos do governo de Zapatero. Rajoy não devia ter falado como falou das vítimas do terrorismo, mas esteve quase sempre bem na forma como atacou Zapatero, sendo particularmente incisivo no modo como criticou a política de educação do PSOE baseada que é em chavões político-ideológicos em que, infelizmente, a motivação, e não o esforço, se considera serem a chave do sucesso. Talvez porque teve sempre a primeira palavra e Zapatero a segunda (ou a última), pôde Rajoy ser tão assertivo nas perguntas, nas críticas e nas análises. Isto é tanto mais surpreendente quando Rajoy é menos mediático do que Zapatero e está habituado a perder (quase) todos os debates que fez com o chefe do Governo no parlamento de Madrid. Finalmente, gostaria de deixar uma nota para sublinhar que cada vez mais em Espanha o grosso de muitas políticas sociais são feitas ao nível regional e local. Disso deu conta Rajoy ao tentar e conseguir (?) demonstrar a Zapatero e aos eleitores espanhóis que, por exemplo, no domínio da habitação social ou do apoio aos cidadãos “imobilizados” o Governo da Comunidade de Madrid ou a Câmara Municipal de Madrid fazem tanto ou mais do que o Governo para toda a Espanha. E já me esquecia. A “Europa”, em si mesma, esteve ausente do debate. Uma prova de que os silêncios são mesmo muito importantes.

Silvana Mangano, "Non Dimenticar"

Simone

Hoje, Simone de Oliveira celebra, num espectáculo em Lisboa, 50 anos de carreira. Abaixo ouça-se uma singela homenagem que evoca tempos mais sóbrios.



19.2.08

Aguentar


Com o país político, económico e social absolutamente de rastos, salva-me da depressão a boa performance dos "Belenenses" no Futsal e no Futebol. Dá para aguentar. Mas suspeito que nem a "bola" me dará alegrias por muito mais tempo.

Vinte anos passados

Da manifestação de professores no passado Sábado à porta da sede do PS no Largo do Rato em Lisboa, que acompanhei na TV, guardo, além das tão infelizes como recorrentes declarações do nosso primeiro-ministro na qualidade de SG do seu partido (?), uma imagem da minha colega de licenciatura, Lurdes F., a "insultar" quem passava à sua frente. Foi bom saber que a Lurdes está viva e bem viva e que continua combativa como nos tempos da nossa licenciatura em História na FCSH da UNL. Na altura, politicamente, nunca estávamos de acordo. Agora estamos. Sócrates e este Governo têm destas coisas.Pelo meio passaram quase, quase, vinte anos. Vinte e dois, se fizer a média entre o início e o fim da licenciatura.

15.2.08

Cavaco Silva visita a Jordânia

Cavaco Silva iniciou uma visita oficial à Jordânia. É a primeira vez que um chefe de Estado português visita aquele país. O actual presidente da República põe assim a nu uma falha tão inesperada como surpreendente nos dois mandatos presidenciais de Mário Soares.
Foto: A Rainha Rania Al-Abdullah

13.2.08

Primárias Republicanas: Texas.

"Again, what I find interesting to contemplate is the effect that the Texas vote will have on the immigration issue. It has been posited that Sen. McCain’s position, which conservatives in his party believe to be too soft, had hurt him in his home state of Arizona — which he eventually won, handily.
I still believe that immigration will be, if not the defining issue of the race for president, certainly among of the top three concerns. And I still believe that anyone who believes that we are going to deport 12 million illegal immigrants is horribly naïve. Not going to happen.
But restrictions and an eventual halt to illegal immigration are within reach.
I believe Texans know that fact, and I believe Texans must acknowledge how much the residents of the state depend upon work from illegal immigrants. I am guessing that our voters will not align themselves with those in Arizona in the GOP who voted against McCain for his stance.
Here is what Washington Post reporter Jonathan Weisman wrote just prior to the Iowa caucus: “No issue has dominated the Republican presidential nomination fight the way illegal immigration has.”
In the weeks that followed Iowa, other issues have fought for headline space, issues such as the war and the economy. Believe me, immigration has not vanished. It will be back in the primaries ahead of us, and it will be a key in the national election.
Texas may prove to be a barometer of just how much importance the candidates need to attach to this issue.
"

Richard Connor, Fort Worth Business Press. 11 Fevereiro de 2008.

Foto: "Businesses Area", Fort Worth, Texas.

Tortura? Jamais!

Roubado ao Arrastão, com a devida vénia.

8.2.08

A "questão islâmica" na Europa.

No espaço de uma geração a Europa terá de adoptar uma de duas soluções em relação à "questão islâmica". Ou faz aquilo que o arcebispo da Cantuária propôs para o Reino Unido – a adopção (parcial?) da Sharia – ou terá de forçar os muçulmanos à conversão: ao "ateísmo" ou ao "cristianismo". Aqueles que, legitimamente, não aceitem nenhuma das duas opções serão então expulsos. Será o regresso dos princípios de "razão de Estado" adoptados pelos reis católicos no século XV. O resto é wishful thinking.

2.2.08

Sempre a ler, sempre a aprender.

Ontem, em Bagdade, duas explosões provocaram várias dezenas de mortos e feridos. Ao que tudo indica as bombas foram transportados por duas mulheres "deficientes mentais". O jornalista que escreveu a notícia para o Diário de Notícias achou por bem sublinhar as dúvidas que existem sobre se as ditas senhoras se fizeram explodir de "livre vontade". Sempre a ler, sempre a aprender.