O Sr. ministro da Saúde deu-se ao trabalho de despedir a directora de um Centro de Saúde localizado a uns 400 km de Lisboa pelo singelo facto de a pobre senhora não lhe merecer confiança (política). A história que levou o ministro a concluir tal coisa, remonta ao facto de um médico do dito Centro ter afixado no seu interior uma fotocópia com uma entrevista dada pelo citado ministro a um jornal. Como se não bastasse, o médico, pessoa inconveniente, acrescentou à dita entrevista um comentário jocoso. Segundo o ministro, a senhora directora, que entretanto o mesmo ministro também descobriu ser incompetente para desempenhar o cargo para que fora nomeada (vá-se lá saber porque razão as direcções dos centros de saúde são de confiança política), não terá sido suficientemente expedita a mandar retirar a entrevista e, presumo, em agir disciplinarmente contra o médico atrevido.
Visto tudo isto, até poderei compreender que os serviços da administração pública central, regional ou local não possam nem, eventualmente, devam ser invadidos por papelinhos repletos de comentários jocosos de todo o tipo produzidos pelos próprios funcionários. Mas ao mesmo tempo, e valha a verdade, qualquer pessoa minimamente razoável percebe que não é por causa do "jocosismo" que este governo descobriu e combate como nenhum outro na nossa história recente, que a administração pública portuguesa melhora ou piora e que a autoridade de qualquer governo é posta em causa. Por isso, só posso concluir que este caso, como o da DREN, é o sinal claro de que o governo que temos se sente fraco e acossado. E como se sente fraco e acossado age de forma mesquinha e cobarde.
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