15.6.07

30 anos

Trinta anos depois da realização das primeiras eleições livres em Espanha após a morte do caudilho Francisco Franco Bahamonde, os nossos vizinhos do lado estão mais ricos e mais modernaços. Estão também, em muitos aspectos e como nós, mais medíocres e vulgares. Não sei, no entanto, se têm razões para ter uma grande confiança no futuro. Afinal, a democracia, ao abrir a Caixa de Pandora do nacionalismo e do inerente sectarismo político, ideológico e cultural, confronta-se com um problema que tem sido incapaz de resolver (presumindo que pode ser resolvido). Zapatero, homem de fé, acredita que abrindo completamente a dita Caixa os problemas se resolverão por si. Afinal, e do seu ponto de vista, os espanhóis são todos boas pessoas – com excepção dos líderes do Partido Popular – e a Espanha chegará a bom porto com a boa-vontade de todos, nem que para isso passe à história (ele por resolver o problema, ela por deixar de existir). Por mim, recomendaria menos fé, mais realismo e algum pessimismo antropológico.
Portanto, quanto ao problema nacional que atormenta a nossa vizinhança, e do prisma exclusivo dos interesses portugueses, faço votos para que não se resolva nunca. Sobretudo se isso implicar o desaparecimento do Estado espanhol e a sua inevitável balcanização. Não me parece que fosse, digamos, particularmente interessante o regresso da Ibéria à Idade Média na política. Por mais que saibamos que no fim chegam Fernando de Aragão e Isabel a Católica. E el-rei D. João II.

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