31.7.07

Patriotismo q.b. ou um "post" à espanhola

Não tem sido apenas a sorte, o acaso ou o estado do tempo que nos últimos dois ou três anos reduziram significativamente o número de fogos florestais ocorridos em Portugal, ao mesmo tempo que vão diminuindo também os números respeitantes à área ardida. Na verdade, tem-se gasto dinheiro e prosseguido políticas de prevenção e combate aos incêndios que apresentam resultados muito positivos. É certo que de um momento para o outro tudo pode mudar e até o parque florestal do Monsanto pode ficar queimado de uma ponta à outra, reduzindo a cinzas, entre outras coisas mais importantes, as palavras que para trás foram escritas. Ainda assim, penso que os portugueses podem estar moderadamente satisfeitos com os resultados conhecidos, até por que muitos deles têm dado o seu contributo para uma alteração qualitativa e quantitativamente importante da realidade dos fogos florestais.
Vem isto a propósito dos incêndios que, ano após ano, e sobretudo nos últimos três ou quatro, dizimaram vastíssimas áreas do território espanhol em Castela, na Catalunha, na Galiza e agora nas Canárias (Gran Canária, La Gomera e Tenerife). Não vou tecer considerações que não devo nem posso sobre as suas causas, as suas origens ou a forma como os incêndios têm sido mal combatidos ciclicamente, Verão após Verão, no país vizinho. Quero apenas dizer que os portugueses, ao contrário da tantas vezes acriticamente apelidada excelência dos espanhóis, têm aprendido com os seus erros, os seus pecados e conseguido fazer melhor. Tenho para mim, aliás, que a ausência em Espanha de uma política nacional de prevenção e combate aos fogos florestais tem impedido a produção de bons resultados. Mas isso é com os nossos vizinhos espanhóis...
Além disso, e como se não bastasse, o Porto, tida como cidade decadente e imprestável, Deus a proteja, não foi vítima de um “apagão” que revelasse o que de pior existe no fornecimento de bens e serviços essenciais como a energia eléctrica. Em Espanha e, já agora, em Barcelona e na Catalunha, o mesmo não pode ser afirmado. É pois caso para dizer e repetir que do país vizinho e no país vizinho há demasiadas coisas que nós não conhecemos ou que não queremos conhecer, mas que fazem dos portugueses bem melhores na forma como evitam erros ou, simplesmente, são capazes de os corrigir.

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