Aqueles que interessam na ONU, uma organização estranha, um tanto absurda, mas também tida por muitos como imprescindível (quem sou eu para discordar), decidiram-se finalmente por enviar tropas para o Darfur. Façamos votos para que possam, ainda, vir a ter alguma utilidade. Por outro lado, aguardemos as sempre cínicas reacções por parte daqueles que, em Portugal e por esse mundo fora, se opõem sistematicamente a qualquer movimentação de tropas que, em missão de paz ou de guerra, possua um átomo de utilidade.
31.7.07
Patriotismo q.b. ou um "post" à espanhola
Não tem sido apenas a sorte, o acaso ou o estado do tempo que nos últimos dois ou três anos reduziram significativamente o número de fogos florestais ocorridos em Portugal, ao mesmo tempo que vão diminuindo também os números respeitantes à área ardida. Na verdade, tem-se gasto dinheiro e prosseguido políticas de prevenção e combate aos incêndios que apresentam resultados muito positivos. É certo que de um momento para o outro tudo pode mudar e até o parque florestal do Monsanto pode ficar queimado de uma ponta à outra, reduzindo a cinzas, entre outras coisas mais importantes, as palavras que para trás foram escritas. Ainda assim, penso que os portugueses podem estar moderadamente satisfeitos com os resultados conhecidos, até por que muitos deles têm dado o seu contributo para uma alteração qualitativa e quantitativamente importante da realidade dos fogos florestais.
Vem isto a propósito dos incêndios que, ano após ano, e sobretudo nos últimos três ou quatro, dizimaram vastíssimas áreas do território espanhol em Castela, na Catalunha, na Galiza e agora nas Canárias (Gran Canária, La Gomera e Tenerife). Não vou tecer considerações que não devo nem posso sobre as suas causas, as suas origens ou a forma como os incêndios têm sido mal combatidos ciclicamente, Verão após Verão, no país vizinho. Quero apenas dizer que os portugueses, ao contrário da tantas vezes acriticamente apelidada excelência dos espanhóis, têm aprendido com os seus erros, os seus pecados e conseguido fazer melhor. Tenho para mim, aliás, que a ausência em Espanha de uma política nacional de prevenção e combate aos fogos florestais tem impedido a produção de bons resultados. Mas isso é com os nossos vizinhos espanhóis...
Vem isto a propósito dos incêndios que, ano após ano, e sobretudo nos últimos três ou quatro, dizimaram vastíssimas áreas do território espanhol em Castela, na Catalunha, na Galiza e agora nas Canárias (Gran Canária, La Gomera e Tenerife). Não vou tecer considerações que não devo nem posso sobre as suas causas, as suas origens ou a forma como os incêndios têm sido mal combatidos ciclicamente, Verão após Verão, no país vizinho. Quero apenas dizer que os portugueses, ao contrário da tantas vezes acriticamente apelidada excelência dos espanhóis, têm aprendido com os seus erros, os seus pecados e conseguido fazer melhor. Tenho para mim, aliás, que a ausência em Espanha de uma política nacional de prevenção e combate aos fogos florestais tem impedido a produção de bons resultados. Mas isso é com os nossos vizinhos espanhóis...
Além disso, e como se não bastasse, o Porto, tida como cidade decadente e imprestável, Deus a proteja, não foi vítima de um “apagão” que revelasse o que de pior existe no fornecimento de bens e serviços essenciais como a energia eléctrica. Em Espanha e, já agora, em Barcelona e na Catalunha, o mesmo não pode ser afirmado. É pois caso para dizer e repetir que do país vizinho e no país vizinho há demasiadas coisas que nós não conhecemos ou que não queremos conhecer, mas que fazem dos portugueses bem melhores na forma como evitam erros ou, simplesmente, são capazes de os corrigir.
Pérolas
Miss Pearls colocou-me a mim e ao «Desconcertante» na sua açoteia. Com este magnífico tempo de Verão é fazer votos para que a incidência de tanto raio ultravioleta nos não queime e a contemplação das estrelas nos não deslumbre!
Os “PSDs” do PSD segundo Pacheco Pereira.
Vale bem a pena ler este texto de José Pacheco Pereira no Abrupto. Já tens uns dias, mas é uma excelente análise política e sociológica do PPD-PSD e na qual se identificam algumas das causas próximas e longínquas para a actual crise do principal partido da oposição. Penso até que o artigo do Público, reproduzido em blogue, seria um bom ponto de partida, que Pacheco Pereira não devia desperdiçar, para um ensaio mais longo e substancial sobre o mais interessante partido político português do pós-25 de Abril.
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Abrupto; Pacheco Pereira; PPD; PSD.
30.7.07
"Belenenses rei em Marrocos"...
... titula A Bola on-line. Dificilmente poderia haver escolha melhor, mais justa e mais sugestiva.
"Mais um troféu para o Restelo" é título bem mais frio e menos imaginativo.
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"os Belenenses"; Marrocos; Títulos; Futebol.
29.7.07
A "Unidade" do Estado Português.
A julgar pelas notícias que este fim de semana nos têm “informado” acerca das peripécias em torno da investigação ao caso “apito dourado”, eu diria que as ameaças à “unidade” do Estado português não vêm da Madeira e do não cumprimento da lei do aborto por aquele Governo regional, mas do sistema judicial. Se fosse Sócrates era com isto que me preocupava. O resto são “amendoins.”
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A "Unidade" do Estado Português.
28.7.07
Interpretação de sonhos.
Passar uma parte da noite a sonhar que se é guarda-freio num eléctrico rápido numa qualquer linha deste país, não lembra ao diabo! Que a “instrutora” seja uma antiga colega de “liceu”, já lá vão mais de vinte anos, caladinha, feiota, "taco de pia" e simpatizante, à época, do PC ou de uma qualquer força de esquerda radical (UDP?), é coisa que ainda lembra menos a belzebu! Ou será que não?
27.7.07
O legado de Oliveira Salazar
Oportuno e excelente é este texto de João Gonçalves no Portugal dos Pequeninos. Desde logo pela clareza da forma e das ideias, mas também pela coragem que representa falar de maneira tão cristalina sobre aquilo que representou o “colonialismo” pensado e executado por Oliveira Salazar. O fim daquele empurrou Portugal para uma situação de inviabilidade da qual não consegue sair e suspeito de que nunca sairá. A Europa, infelizmente, é uma ilusão. Não digo em si mesma, mas do ponto de vista dos nossos interesses e das nossas expectativas enquanto povo e nação. Mas o texto de João Gonçalves é ainda importante por recordar à direita portuguesa que, sem assumir e até integrar, ao menos, parte do legado de Oliveira Salazar se encontrará sempre diminuída política, ideológica e moralmente. Neste momento de crise profunda, a direita portuguesa deverá regressar às suas fontes, recuperá-las e assumi-las. Isso não significará pretender restaurar o “fascismo”. Significará tão somente a assunção da sua história e das suas circunstâncias. E valha a verdade, a direita pode assumir Salazar e o salazarismo sem complexos, da mesma forma que as esquerdas não renegam a I República que apelidam de “liberal” e de “democrática” ou o legado do marxismo-leninismo.
26.7.07
A entrevista
O mais tocante nos excertos da entrevista de ontem de José Sócrates à SIC que hoje pude ver, é o facto do nosso primeiro-ministro insistir em querer ser notado e avaliado como o líder da oposição a Alberto João Jardim. Diante de facto tão extraordinário, aguardam-se ansiosamente novos desenvolvimentos.
No Ex-Ivan Nunes
O Ivan Nunes não precisa de publicidade, ou pelo menos daquela que eu lhe possa fazer. Mas toda a gente gosta de elogios. Mesmo que sejam os meus. O blogue do Ivan Nunes é um exemplo de equilíbrio e de inteligência, onde se também passeiam a ironia, a elegância e a vaidade. Em seis ou sete textos há dois ou três que merecem bem a pena. Senão vejamos: este pela investigação aturada e pela menina na foto que o ilustra; este outro pela piedade; e este por que, e não querendo pôr-me em bicos de pés, já pensei umas quantas vezes que devia e podia escrevê-lo. Só não sabia como e é sempre bom aprender. De qualquer modo, vindo de quem vem, suponho que ganha uma outra autoridade moral e política.
25.7.07
24.7.07
A Rússia cada vez mais gélida
Foto: Rio Lena na Sibéria (Primavera-Verão).
Só para acalmar, como se possível fosse, os cada vez mais histéricos apaziguadores da Rússia por causa dos permanentes conflitos de espiões e com espiões que aquele país mantém com o Reino Unido, deixo aqui ligação para esta notícia do El País on-line. De acordo com aquele jornal foi detido em Tenerife um espião duplo espanhol que trabalhava para os serviços secretos russos (garanto que não estou a dramatizar). Ou seja, o “urso” russo não brinca em serviço e comporta-se não como parceiro que se gostava que fosse mas como o inimigo que obviamente é. Acrescento ainda que será curioso ver de que forma Zapatero descalçará esta bota, embora aposte que tudo irá correr pelo melhor. Afinal a Rússia é uma outra "civilização" e o presidente espanhol é um adepto fervoroso do diálogo entre as ditas. Presumindo, claro está, que elas (ainda) existem e o “diálogo” também. Dedução minha duas vezes politicamente muito incorrecta.
O realismo de Miguel Portas
Através do Arrastão soube com atraso que Miguel Portas tem um blogue (Sem Muros) onde conjectura, sobretudo, acerca de questões internacionais. No meio daquilo que li escrito pelo estimável eurodeputado Portas, descobri uma pérola em que o dito se identifica com umas declarações proferidas por Massimo D’Alema e segundo as quais o Hamas, apesar de ter cometido actos terroristas - presumo que já não comete – deve ser tido em conta e aceite internacionalmente na qualidade de força política com apoio popular expresso em eleições vitoriosas. Daí decorrerá que EUA e União Europeia não devem hostilizar aquele “movimento” sob o risco do mesmo poder vir a cair nos braços da Al Qaida. Como é óbvio, e Portas deve sabê-lo, o problema da natureza da relação dos EUA e da União Europeia com o Hamas está muito para além do facto de se tratar de um movimento terrorista ou de ter ou não ter grande apoio popular (por exemplo, possui-o em Gaza mas não na Cijordânia). Entre outros, o problema com o Hamas é consequência do facto desta organização terrorista não só se recusar a aceitar reconhecer a existência do Estado de Israel, como pretender a sua destruição.
Ainda assim, e para que conste, recordo que Adolf Hitler e o Partido Nacional Socialista Alemão não só tiveram muitos votos e grande apoio popular, ao menos entre finais da década de 1920 e 1933, como apenas ambicionavam destruir a Checoslováquia, a Polónia ou a Rússia Soviética. Mas enfim, presumo que na cabeça de Portas, e bastando ter um pouco de fé, rapidamente se perceberá que o Hamas é diferente de tudo e todos e uma vítima da história mais próxima do Médio Oriente e Palestina. Eles não querem destruir Israel, as circunstâncias é que se lhes impõem.
Ainda assim, e para que conste, recordo que Adolf Hitler e o Partido Nacional Socialista Alemão não só tiveram muitos votos e grande apoio popular, ao menos entre finais da década de 1920 e 1933, como apenas ambicionavam destruir a Checoslováquia, a Polónia ou a Rússia Soviética. Mas enfim, presumo que na cabeça de Portas, e bastando ter um pouco de fé, rapidamente se perceberá que o Hamas é diferente de tudo e todos e uma vítima da história mais próxima do Médio Oriente e Palestina. Eles não querem destruir Israel, as circunstâncias é que se lhes impõem.
É por isso muito engraçado ver Miguel Portas e quejandos não só convertidos ao realismo político, mas inclusivamente dispostos a pregá-lo, seguindo, sem saberem (?), alguns dos ensinamentos deixados pelo cardeal Richelieu, pelo conde Franz George Karl von Metternich, pelo príncipe Otto Leopold Eduard von Bismarck-Schönhausen, por Henry Morghentau ou por Henry Kissinger. O mundo dá muitas voltas, mas há pessoas que dão muitas mais. Tudo para que lhes dêem os segundos de atenção. Ou será que é apenas para defenderem os princípios em que não só acreditam como sempre acreditaram!
23.7.07
Desobediência Civil
Em Portugal, nestes trinta e tal anos de democracia, não se cumpriram e não se fizeram cumprir milhares de leis. Anda agora por aí gente muito preocupada pelo facto do Governo regional da Madeira ter declarado que não vai aplicar a nova lei do aborto no arquipélago por, afirma, lhe faltarem meios para a por em prática (veja-se um curioso e previsível exemplo de preocupação aqui e aqui).
Eu podia tratar de evocar a hipocrisia daqueles que criticam o Governo madeirense. Fá-lo-ia recordando, por exemplo, que muitos dos princípios, em muitos aspectos mais importantes do que a própria lei, do Serviço Nacional de Saúde não são cumpridos, não foram cumpridos e nunca serão cumpridos em Portugal. Mas não vale a pena.
Eu podia tratar de evocar a hipocrisia daqueles que criticam o Governo madeirense. Fá-lo-ia recordando, por exemplo, que muitos dos princípios, em muitos aspectos mais importantes do que a própria lei, do Serviço Nacional de Saúde não são cumpridos, não foram cumpridos e nunca serão cumpridos em Portugal. Mas não vale a pena.
De qualquer modo, não só não me lembro de alguma vez ter visto a esquerda em Portugal opor-se de forma tão clara e intransigente ao princípio da desobediência civil, como não a recordo tão ansiosa para que se faça cumprir a lei. Ainda assim em Portugal quem faz que se cumpra a lei são os tribunais.
22.7.07
Teresa Herrera
Nos dias 8 e 9 de Agosto próximos, “os Belenenses” disputarão o trofeu Teresa Herrera. É o mais prestigiado dos trofeus internacionais de futebol que enchem os estádios espanhóis durante o Verão. Uma pequena história da prova pode ler-se aqui. Como a partida inaugural é disputada pelos “Belenenses” e pelo Real de Madrid, isso significa um prestígio acrescido para o meu clube e para o futebol luso. Porém, e como sempre, os jornais, as televisões e as rádios aqui da pátria estarão entretidas em dar e falar de jogos disputados entre os “três grandes” e equipas que muitas vezes são pouco mais do que o refugo do futebol mundial. Por mim, e como estarei a 8 de Agosto de férias na Galiza, tudo farei para ir ao estádio do Riazor na Coruña assistir ao clássico Belenenses versus Real de Madrid. E é para ganhar. Ao Real e o trofeu. Se não se ganhar, ao menos que não se perca por muitos.
Que pena!
Desembarquei na Portela na passada sexta-feira ao fim da manhã. Assim que entro no táxi, a primeira voz que oiço é a de José Sócrates na Antena 1. No debate em curso na Assembleia da República perorava o homem com aquela excitação e autoconvencimento que o caracterizam. E o que é que dizia a personagem? Respondendo a uma intervenção de um deputado do PSD – que não ouvi – mas na qual suponho se fizera menção aos atentados à nossa democracia perpetrados pelo Estado e pelo Governo PS, com a cobertura e a cumplicidade do primeiro-ministro, Sócrates só se lembrou de contra-atacar evocando o célebre déficit democrático existente na região autónoma da Madeira. A primeira coisa que me veio logo à ideia, e depois de uma semana ausente, e bem ausente, da pátria, foi que Sócrates decidira candidatar-se em 2011 ao lugar ainda ocupado por Alberto João Jardim. Com o decorrer da conversa percebi que me tinha enganado. Isto apesar de Sócrates ter tudo para triunfar num universo que ele considera submergido pelo autoritarismo. Respirei fundo e pensei: Que pena!
9.7.07
Multidões e primeiros-ministros
Depois de, antes de um jogo do "Euro" 2004, o primeiro-ministro de então, Durão Barroso, ter sido vítima no Estádio da Luz de uma monumental assobiadela com que os milhares de espectadores portugueses ali presentes não quiseram deixar de brindá-lo, e de Santana Lopes, também primeiro-ministro, ter recebido o mesmo tratamento não sei já onde, também Sócrates recebeu no Sábado, quando se preparava para assistir ao espectáculo das “7 Maravilhas”, os apupos, os assobios e os insultos que indiscutivelmente merece.
Com tanto chefe de Governo vaiado nos últimos três anos aqui na pátria, acabei por me lembrar de um episódio ocorrido no velhinho José de Alvalade já lá vão mais de 33 anos. Nessa altura, quando se ia disputar um Sporting-Benfica, a chegada de Marcello Caetano à tribuna daquele estádio a rebentar pelas costuras foi anunciado aos microfones, alto e a bom som, para que toda a gente ouvisse. Imediatamente, o "povo" levantou-se e aplaudiu de pé o então presidente do Conselho que escapara dias antes ileso ao fracassado golpe militar das "Caldas". É verdade que, no dia 25 de Abril, muita gente vaiou o mesmo Marcello Caetano quando abandonou, a bordo de um chaimite, o quartel do Carmo onde se refugiara ao ter conhecimento do golpe militar ocorrido naquele dia. Também é verdade que estas coisas valem o que valem e que os tempos são, absolutamente, outros. No entanto, convém recordar que entre nós o respeitinho continua a reinar e que, para que não tenhamos ilusões, o Largo Carmo em Lisboa sempre levou muito menos gente do que o velho ou o novo Alvalade.
Com tanto chefe de Governo vaiado nos últimos três anos aqui na pátria, acabei por me lembrar de um episódio ocorrido no velhinho José de Alvalade já lá vão mais de 33 anos. Nessa altura, quando se ia disputar um Sporting-Benfica, a chegada de Marcello Caetano à tribuna daquele estádio a rebentar pelas costuras foi anunciado aos microfones, alto e a bom som, para que toda a gente ouvisse. Imediatamente, o "povo" levantou-se e aplaudiu de pé o então presidente do Conselho que escapara dias antes ileso ao fracassado golpe militar das "Caldas". É verdade que, no dia 25 de Abril, muita gente vaiou o mesmo Marcello Caetano quando abandonou, a bordo de um chaimite, o quartel do Carmo onde se refugiara ao ter conhecimento do golpe militar ocorrido naquele dia. Também é verdade que estas coisas valem o que valem e que os tempos são, absolutamente, outros. No entanto, convém recordar que entre nós o respeitinho continua a reinar e que, para que não tenhamos ilusões, o Largo Carmo em Lisboa sempre levou muito menos gente do que o velho ou o novo Alvalade.
6.7.07
Exames
Foto: Pormenor do claustro do Colégio Espírito Santo, Universidade de Évora.
Já não neva em Évora. As "orais" serão na terça. Depois disso, e salvo uma ou outra excepção prevista na lei que servirá este ou aquele aluno que reprove hoje ou na terça-feira, ou que tenha reprovado por não ter comparecido aos exames de hoje, pode-se dizer que chega às licenciaturas em História e aos mestrados do Departamento de História da Universidade de Évora o chamado sistema de Bolonha. Para o ano, e ao menos para mim, nada se repetirá. Aulas aos primeiros e aos segundos "ciclos", em vez de licenciaturas e mestrados. Chegam as tutorias de jure. As "unidades curriculares" substituem-se às "disciplinas" ou às "cadeiras". "Competências" tomam o lugar do "conhecimento", coisa manifestamente do passado que nem as Universidades se atrevem a dizer que dão. Na forma, nos nomes e nos conteúdos quase tudo será novo. Os tiques também. Sobretudo estes. À minha frente estão dez alunos. Os últimos do velho sistema. Precocemente envelhecidos por isso mesmo. Aí estão seis do sexo feminino e quatro do outro. São os últimos pré-Bolonha. Também aqui, na sala 115 do Palácio do Vimioso em Évora, se faz história. Modestamente. Discretamente.
5.7.07
É Proíbido Proibir
Muitos dos herdeiros do espírito do “Maio de 68” estão hoje de alma e coração com a candidatura de Zé Sá Fernandes à Câmara Municipal de Lisboa. Só não percebo como é que essa gente que delirou com a velha máxima “é proibido proibir”, segue acriticamente um homem que quer proibir tudo e mais alguma coisa. Ontem, a bordo de uma traineira fazendo um percurso entre Algés e Santa Apolónia, prometeu proibir, caso venha a ser eleito, que se construa o que quer que seja na frente ribeirinha de Lisboa. Parece que não repetiu uma ideia peregrina segundo a qual, no porto de Lisboa, os paquetes só deveriam poder atracar na “perpendicular”. É que neste caso iria obrigar a Administração do Porto de Lisboa a construir novos cais de embarque, e que cais, em boa parte da frente ribeirinha de Lisboa.
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Proibir; Zé; CML; Construir.
4.7.07
Óbito
Morreu hoje Henrique Viana. Um excelente actor de teatro, cinema e televisão. Sempre popular, nunca o vi ser vulgar.
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Henrique Viana; Óbito.
O estado da nação em Espanha
Decorreu ontem e continua hoje no parlamento espanhol o debate sobre o “estado na nação”. Valha a verdade que se neste particular Zapatero mandasse, seria o debate sobre o estado das nações que compõem o estado espanhol. Assisti à quase totalidade do debate em que se digladiaram Zapatero e Mariano Rajoy. Gostei especialmente do discurso do líder da oposição (que se pode ler aqui; e o de Zapatero aqui), embora não seja certo que Rajoy tenha dito exactamente aquilo que levou escrito para a tribuna. Dos três temas que Rajoy escolheu para encurralar Zapatero, um, desde logo, pareceu-me importante e melhor apresentado perante os deputados. Refiro-me à lei da memória histórica que apenas tem servido, por várias razões, para dividir desnecessariamente os espanhóis, mas sobretudo por prometer aos derrotados da guerra civil e do franquismo uma vitória e até um ajuste de contas absolutamente desnecessário e que, nos termos em que tem sido conduzido, só interessa a oportunistas, a ingénuos e a radicais. O outro tema foi a questão do terrorismo e o fracasso da luta do Presidente do Governo espanhol pela paz e contra o dito. Zapatero encontra-se numa situação delicada nesta questão uma vez que falhou totalmente a sua estratégia, aliás bastante simples: apaziguar os terroristas ao mesmo tempo que hostilizava o PP. Aliás, e não sem exagero, parece que para Zapatero o seu principal inimigo político em Espanha e no mundo é o PP e não a ETA e o terrorismo (embora os socialistas possam dizer o mesmo do PP e de Rajoy).
Para terminar, e não querendo deixar de fazer uma analogia entre o estilo Zapatero e o estilo Sócrates, notei que para aquele, convictamente aliás, não deve haver oposição à política antiterrorista, por pior que esta seja nos seus princípios, meios e fins e, sobretudo, quando essa política foi desenhada, também, contra o PP. Lá como cá os socialistas não gostam que se debata e que haja oposição àquilo que verdadeiramente importa, àquilo que verdadeiramente interessa: o destino do Estado e o destino do seu sistema político-constitucional.
1.7.07
Hino à Real Vulgaridade
As monarquias europeias sempre se caracterizaram pela vulgaridade e pela rentabilização da mesma (perdoe-se-me o palavrão). Uma vulgaridade que só os monárquicos se comprazem em ignorar por razões que só eles poderão desvendar. Mas essa vulgaridade nunca foi tão cruamente exposta como nos últimos vinte ou trinta anos. De facto, a vulgaridade da monarquia europeia e, em especial, da monarquia britânica, atingiu novos patamares com a celebérrima Diana Spencer, baptizada de "princesa povo" pelo há poucos dias defunto Tony Blair.
Essa vulgaridade regressou a 1 de Julho sob o pretexto da celebração de mais um aniversário da dita, falecida num acidente de viação há coisa de uma década. De facto, o concerto de Wembley foi todo uma enorme vulgaridade. Desde a ideia em realizar o dito, ao tipo de música e de "intérpretes" que por lá passou. Ou seja, todos, povo, artistas e príncipes, estiveram ao nível mais rasteirinho, muito bem uns para os outros. Para não destoar lá apareceram a abanar as ancas e a bater palminhas diante das câmaras e do povo os dois filhotes da Diana e do eterno príncipe de Gales. Os pequenos príncipes também falaram e quem os ouvisse tremia a pensar que um deles poderá um dia ser rei. É verdade que o apoio dos rapazes à iniciativa se resume a uma tentativa de os fazer populares – ou de reforçar a sua popularidade – aos olhos do povo britânico e, por via disso, reforçar a sua imagem e a da monarquia. Como políticos de plástico ou artistas de variedades do mais medíocre que há, os dois rapazolas vão pelo caminho mais fácil na tentativa de salvarem o seu modo de vida e a instituição que a avó, Isabel II, teme que possa desaparecer para sempre não muito depois de deixar de ser rainha. Não faço futurologia, mas a verdade é que as monarquias europeias, ao assumirem diante de todos a vulgaridade dos seus príncipes, caminham a passos largos para o abismo. Nem os republicanos as poderão salvar.
Essa vulgaridade regressou a 1 de Julho sob o pretexto da celebração de mais um aniversário da dita, falecida num acidente de viação há coisa de uma década. De facto, o concerto de Wembley foi todo uma enorme vulgaridade. Desde a ideia em realizar o dito, ao tipo de música e de "intérpretes" que por lá passou. Ou seja, todos, povo, artistas e príncipes, estiveram ao nível mais rasteirinho, muito bem uns para os outros. Para não destoar lá apareceram a abanar as ancas e a bater palminhas diante das câmaras e do povo os dois filhotes da Diana e do eterno príncipe de Gales. Os pequenos príncipes também falaram e quem os ouvisse tremia a pensar que um deles poderá um dia ser rei. É verdade que o apoio dos rapazes à iniciativa se resume a uma tentativa de os fazer populares – ou de reforçar a sua popularidade – aos olhos do povo britânico e, por via disso, reforçar a sua imagem e a da monarquia. Como políticos de plástico ou artistas de variedades do mais medíocre que há, os dois rapazolas vão pelo caminho mais fácil na tentativa de salvarem o seu modo de vida e a instituição que a avó, Isabel II, teme que possa desaparecer para sempre não muito depois de deixar de ser rainha. Não faço futurologia, mas a verdade é que as monarquias europeias, ao assumirem diante de todos a vulgaridade dos seus príncipes, caminham a passos largos para o abismo. Nem os republicanos as poderão salvar.
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