Há mais de dois meses que não escrevo nada aqui no Desconcertante. Causa? Manifesta falta de tempo e escassez de circunstâncias que tornem maior e mais sedutora a vontade de escrever. Pelo meio vou dizendo alguma coisa no Cachimbo de Magritte. No entanto, o Desconcertante não acaba aqui. Está apenas parado à espera de melhores dias.
29.12.08
19.10.08
17.10.08
O Hino dos Açores
O hino dos Açores, embora leeeento, é muito Estado Novo, para não dizer que é todo Estado Novo (mas em mauzinho), do género "lá vamos cantando e rindo" da defunta Mocidade Portuguesa. Talvez por isso, não desgosto. E também não vivo no arquipélago das nove ilhas. Ouça-se o velhinho hino dos Açores aqui e o moderníssimo hino da Mocidade Portuguesa aqui.
14.10.08
Credores do Estado
Esta lista, na verdade uma listinha, dos credores do Estado publicada na página Web do Ministério das Finanças é uma vergonha para o país, para este Governo e para o regime político que nos suga o dinheiro e a alma desde 1976. Lá se encontram três credores e um total de dívidas absolutamente insignificante (não, claro está, do ponto de vista dos credores). Seria por isso bom que alguém do Governo fosse capaz de explicar, e sem se rir, a razão pela qual mais nenhum credor, e são tantos, quis aparecer na lista. É que não explicando, somos todos obrigados a concluir que há quem não queira dar a cara por temer represálias do Estado e do Governo. E isso, numa verdadeira democracia, não pode ser.
O Orçamento do Nosso Contentamento
O tom das primeiras notícias do dia de hoje sobre a proposta de Orçamento deste Governo para 2009 fazem justiça à capacidade à máquina de propaganda que trabalha com a presidência do Conselho de Ministros. Digo isto porque pouco ou nada se sabe verdadeiramente sobre o dito orçamento. Mas segundo as notícias, e naquilo que dependa do Orçamento noticiado, o próximo ano será, para todos os portugueses, pouco menos que radioso. Como é óbvio, mal posso esperar por 2009.
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Proposta de Orçamento para 2009; Propaganda.
Biplolarismos
Os "mercados" que acabaram a passada semana em depressão aguda, estão agora eufóricos. O mesmo se pode dizer de muitos comentadores e jornalistas da nossa e de outras praças. Por mim apenas diria que não só não aprecio o "bipolarismo", como me pareceu e parece precipitada a depressão da semana passada mas, e sobretudo, a euforia vivida na semana que ainda ontem começou. Ninguém acredite que os planos de intervenção propostos pela União Europeia no passado domingo, ou, em várias ocasiões, pela administração norte-americana, resolvem aquilo que a realidade do mercado acabará sempre por impor.
8.10.08
Portugal reconhece a independência do Kosovo
Não sei se o reconhecimento por Portugal da independência do Kosovo resultou da recente visita da secretário de Estado Americana a Lisboa. Para os sabichões não há dúvida que sim. Mas sei, sem sombra de dúvida, que há muito que tal reconhecimento era inevitável. Podemos discutir se o calendário escolhido pelo Governo e pelo presidente da República para o reconhecimento foi o melhor. Parece-me que não. Afirmo-o pelo simples facto do "reconhecimento" parecer querer ser demasiado discreto. Secreto mesmo. Mas a diplomacia tem razões que a razão desconhece.
30.9.08
Peniche? E Caxias? (Actualizado)
No blogue "Caminhos da Memória", Irene Pimentel indigna-se com o facto da Fortaleza de Peniche, onde viveram encarcerados durante algumas décadas vários "antifascistas", se poder vir a tornar, com a cumplicidade do Governo e da Câmara Municipal de Peniche, numa "Pousada de Portugal" explorada pelo, presumo que tenebroso, grupo Pestana. Esta possibilidade, segundo Irene Pimentel, merece o mesmo tipo de críticas que em tempos foram dirigidas à construção de um "condomínio de luxo" no espaço anteriormente ocupado pela sede da polícia política na rua António Maria Cardoso em Lisboa.
Além de, com gosto, me abster classificar aquilo que, a propósito da preservação da memória, em geral, e desta questão do forte de Peniche, em particular, não passa de uma leitura político-ideológica, embora legítima, da história do século XX português, só pergunto porque razão Irene Pimentel e outros guardiães de uma certa memória “antifascista” nunca, que eu saiba, se indignaram, por exemplo, com o facto da prisão de Caxias (mandada construir por Salazar para melhor acolher presos políticos desumanamente instalados em cárceres como a de Peniche), continuar a albergar presos de delito comum que no seu dia à dia (tanto como um eventual frequentador do forte de Peniche depois de construída a respectiva pousada de Portugal), conspurcam a memória das vítimas do salazarismo e do marcelismo.
Digo isto por uma razão simples em forma de conselho. Seria péssimo que para os guardiães da memória da repressão “antifascista” esta só fosse desrespeitada quando se constrói um condomínio de luxo no lugar daquela que foi uma das sedes da polícia política durante o Estado Novo, e uma Pousada de Portugal num antigo forte-prisão que privou da liberdade, ao longo de uma história secular, e entre outros, muitos “antifascistas”.
Adenda: Na mesma linha de Irene Pimentel, e sobre o mesmo tema, veja-se o post de Rui Bebiano na "Terceira Noite". A propósito deste texto apenas acrescento uma nota e uma pergunta. 1) Parece-me de grande rigor histórico a comparação feita por um historiador entre a prisão "fascista" de Peniche e o campo de concentração de Auschwitz. 2) A quantos quilómetros de Auschwitz, e da Fortaleza de Peniche, é legítimo construir um hotel ou, já agora, um "Spa"?
27.9.08
Desordem Mental
São "bipolares" as cabecinhas dos apoiantes de Barack Obama. Há um par semanas garantiam que o seu candidato perderia (se perdesse?), por ser "negro". Hoje, já garantem que sairá vitorioso, com um resultado esmagador, das eleições de Novembro. Pelo sim pelo não, melhor é ignorá-los e esperar pelos resultados no dia seguinte.
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Barack Obama; Desordem Mental.
20.9.08
"I Carry Your Heart With Me"
Cameron Diaz lê, como ninguém, "I Carry Your Heart With Me" de Cumming. Fá-lo em "In Her Shoes". Vi-a e ouvi-a há pouco, outra vez, numa matiné da SIC.
Os Portugueses Mal Podem Esperar. E Sócrates?
Seria bom que o grupo parlamentar do PS decidisse, definitivamente, se vai ou não impor aos seus deputados disciplina de voto no caso do projecto lei sobre o casamento de homossexuais que o Bloco de Esquerda irá brevemente apresentar em São Bento. De facto, os portugueses, ansiosos, aguardam por uma tomada de posição sobre um problema que os atormenta e envergonha. Há décadas, senão mesmo séculos, que os ditos portugueses esperam que tão relevante tema seja debatido, votado e resolvido. Daí que o grupo parlamentar socialista não possa nem deva manter esta expectativa asfixiante.
Mas tomada a decisão, e caso a “disciplina” não seja imposta e o projecto do Bloco seja aprovado, então finalmente o sol nascerá para todos. Pena é que não se saiba o que é acontecerá nas eleições autonómicas dos Açores no caso socialistas viabilizarem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Portanto, nesta magna questão, como noutras, Sócrates pensa mais em 2008 do que em 2009… Por isso não poderá deixar de falar sobre o assunto este fim de semana num evento socialista que ocorrerá sabe Deus onde. Resultado? Os deputados “fracturantes”, a começar pelo excitável Pedroso, estarão, segunda-feira próxima, no que ao "tema" diz respeito, mais calados que ratos. Afinal, qual entre eles, ou elas, não quer voltar a ser deputado na legislatura 2009-2013?
17.9.08
Liga dos Campeões
Pode-se dizer que foram "positivos" para a generalidade das equipas portuguesas, os resultados dos jogos de ontem da primeira jornada da Liga de Campeões.
16.9.08
Richard Wright
Os Pink Floyd foram tão importantes na minha adolescência que nunca seria capaz de dizê-lo em poucas palavras como o foram e porque o foram (passei, aliás, parte dessa adolescência à espera que os Pink Floyd actuassem, sabe-se lá porquê, na Festa do Avante). Como é óbvio continuo a ouvir os Pink Floyd. E no entanto dificilmente escreveria um post sobre os Pink Floyd não fosse a morte, ontem, aos 65 anos, de Richard Wright.
Abaixo pode ver-se e ouvir "Whish You Were Here" do álbum com o mesmo nome – desculpem-se tantas redundâncias – e “Money” por causa da crise económica e financeira internacional (apesar, entre tantas outras coisas, da baixa no preço das matérias-primas, a começar pelo petróleo).
Abaixo pode ver-se e ouvir "Whish You Were Here" do álbum com o mesmo nome – desculpem-se tantas redundâncias – e “Money” por causa da crise económica e financeira internacional (apesar, entre tantas outras coisas, da baixa no preço das matérias-primas, a começar pelo petróleo).
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Richard Wright; Pink Floyd.
Crise Financeira e Destruição Criativa
É dramática, mas sobretudo fascinante, a crise dos mercados financeiros internacionais iniciada no Verão passado nos EUA. Economistas, historiadores económicos e cada um de nós indiferenciadamente pode ver de perto e quase "apalpar" aquele é o maior acontecimento da história financeira desde a década de 1930, embora com uma natureza totalmente diferente. Não é necessário ser-se marxista para intelectualmente vibrar com aquilo que se está a passar. Pessoalmente, não deixa de me causar espanto o desaparecimento de uma instituição histórica e sólida como a Lehman Brothers. Mas mais importante ainda é sabermos, mesmo que não sejamos bruxos, que a par da destruição de parte do sistema financeiro norte-americano e mundial um outro está já a nascer antecipando uma nova realidade, embora não saibamos ainda do que se trata.
Pelo sim pelo não, e porque vivemos "em financial times", é absolutamente necessário ler todos os dias o Financial Times, hoje mais do que nunca o melhor jornal do mundo.
Pelo sim pelo não, e porque vivemos "em financial times", é absolutamente necessário ler todos os dias o Financial Times, hoje mais do que nunca o melhor jornal do mundo.
14.9.08
10.9.08
9.9.08
Os Limites dos "Think Tank"
Não deixa de ser curioso que um dia depois do PS ter criado, com os olhos em 2009, o seu "Think Tank" Respública, tenha encontrado e lido no Open Democracy um artigo de Gerry Hassan onde se explica que, ao menos para a esquerda, os "Think Tank" são uma opção esgotada e que urge encontrar novas soluções onde pensar e discutir ideias e políticas.
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"Think Tanks"; Respública; Esquerdas.
8.9.08
Pouca Vergonha
Este regime tem umas poucas vergonhas a que o “povo”, e bem, chama "tachos". A nomeação e tomada de posse do deputado do PS, Vítor Ramalho, para presidente da FNAT – agora chamada INATEL – é apenas mais uma. Como se não bastasse, o deputado despreza os eleitores, o Parlamento e a Democracia ao trocar o São Bento por um prato de lentilhas para o qual se considera especialmente vocacionado. A tudo isto estamos acostumados. Mas não é por a pouca vergonha se ter tornado tão banal, que deve passar sem que sobre ela se diga que existe mas não devia.
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Regime; Deputados; Parlamento; INATEL.
8 de Setembro de 2008
Como esteve um belo dia e o meu filho tem amanhã o seu primeiro dia de aulas do 1.º ano de um longo caminho que nunca se sabe como acaba, fomos os dois à praia depois do almoço. Nada melhor do que banhos de sol e praia para preparar um ano de trabalho que para os miúdos acaba lá para Junho e para os graúdos nunca se sabe muito bem quando começa e muito menos quando termina.
Sem que nada o previsse, calhou-nos nada mais nada menos do que o melhor dia de banhos deste Verão preguiçoso. Uma ligeira brisa soprava de oeste, às vezes de noroeste. Água fresca e limpa, maré vazia, muito pouca gente, conquilhas aqui e ali – que no fim devolvemos ao seu habitat natural. Trânsito nem vê-lo. Estacionamento à vontade. Pena foi não podermos ter vindo mais tarde. Mas amanhã o despertar é às 7 para os graúdos e às 7,45 para o pequenote. Por isso, às 21 havia que estar na cama. Resta-me agora a esperança de que o fim de semana nos traga bom tempo, mas com pouca gente à beira-mar, e que o rapaz não seja mau estudante...
5.9.08
O Futuro Político de Palin
O "selvagem ataque" de Sarah Palin a Barack Obama na convenção do Partido Republicano, que só existiu na cabeça do professor Vital Moreira, trouxe-me à lembrança apenas duas coisas.
1.º Que o "ataque selvagem" da governadora do Alasca ao candidato do Partido Democrático é totalmente pífio se comparado com aqueles que Hillary Clinton lançou a Obama nas primárias do seu partido.
2.º Que Palin poderá vir a ser, em 2012, ou em 2016, a primeira mulher Republicana candidata à presidência dos EUA. Poderá também vir a ser eleita. Resta saber se contra Hillary Clinton, que sonhou, e ainda sonha, vir a ser a primeira mulher a ocupar a sala oval na Casa Branca.
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Sarah Palin; Hillary Clinton; Barack Obama.
4.9.08
Comparações Absurdas? O Governo Agradece...
Se para relativizar, ou minimizar, a criminalidade em Portugal alguém se lembra de comparar as estatísiticas de homicídios em Londres com as do nosso país para o mesmo tipo crime, tudo por causa do número equiparável de habitantes, não deve certamente saber do que é que está a falar. Porém, o louvável esforço não deixará de ser notado. O nosso Governo, e em especial o ministro do Interior, mais cedo ou mais tarde agradecerão.
3.9.08
O Sonho e a Realidade.
Pouco antes das férias, num jornal ou num blogue, lembro-me de um notável e prolixo comentador escrever que, vista a situação da economia internacional, e a dos EUA em particular, o que era bom mesmo era a economia europeia. Os dados hoje apresentados pelo Eurostat (aqui em pdf) acerca do crescimento da economia nos 27 e, especialmente, sobre o comportamento recente da economia da zona Euro, desdizem o excelso comentador. As previsões da OCDE também não auguram nada de positivo nos tempos mais próximos para as economias que pertencem àquela organização. Mas, e sobretudo, tanto o Eurostat como a OCDE fazem-no acordar a ele, e a outros como ele que acreditavam, de um sonho presenteiro. O sonho de que a economia europeia, e a da zona Euro em particular, estavam bem e recomendavam-se. Que pena a realidade ser tão óbvia e ter sempre razão.
O Destino de José Magalhães
Nos últimos dias, e hoje não foi excepção, José Magalhães, secretário de Estado de qualquer coisa no Ministério do Interior, tem aparecido muito nos media a falar de questões de segurança. Depois de uma intervenção na SIC-Notícias há coisa de uma semana, chegou a ser desautorizado por um ministro com cara e gestos de Sócrates – mas que não me pareceu ser Sócrates – logo após uma reunião do Conselho de Ministros. Como o país, o Governo e a segurança interna andam como andam, ou seja, malzinho, sempre quero ver onde vai parar José Magalhães. Vai para a rua, para outro Ministério ou para o lugar do ministro do Interior?
2.9.08
Zhou Enlai
A propósito do escândalo de pedofilia na Casa Pia, em geral, e do envolvimento dos nomes de Paulo Pedroso e de Ferro Rodrigues no processo respeitante ao dito escândalo, em particular, deixo apenas duas notas.
1.ª nota: Paulo Pedroso, que foi enxovalhado e crucificado por muita gente, a começar nos meios jornalísticos, já lá vão uns bons anos, teve hoje ocasião de, sem contraditório, fazer ouvir a sua voz em quase tudo o que foi serviço noticioso na TV e na rádio, sendo que amanhã estará nas primeiras, segundas e terceiras páginas dos jornais.
1.ª nota: Paulo Pedroso, que foi enxovalhado e crucificado por muita gente, a começar nos meios jornalísticos, já lá vão uns bons anos, teve hoje ocasião de, sem contraditório, fazer ouvir a sua voz em quase tudo o que foi serviço noticioso na TV e na rádio, sendo que amanhã estará nas primeiras, segundas e terceiras páginas dos jornais.
2.ª nota: Recordar que quando perguntaram a Zhou Enlai o que é pensava sobre a Revolução Francesa, o interrogado sensatamente afirmou que ainda "era cedo para dizer".
O "Regressado"
Os AA começam este Sábado, em Malta, os jogos de apuramento para o campeonato do mundo de Futebol a realizar no ano de 2010 na África do Sul. A "campanha" começa com um seleccionador "regressado" que fracassou no apuramento de outros AA portugueses para o "Mundial" de 1994 nos EUA, mas que apurou a selecção da África do Sul para um outro "Mundial" (o Coreia-Japão?). Por agora, o "regressado" professor Carlos Queiroz só provou três coisas. Que quer mostrar que é diferente do seu antecessor; que gosta de "novidades" no "lote dos escolhidos"; e que não dá conferências de imprensa para anunciar os seleccionados. Os prognósticos sobre o apuramento fá-los-ei, talvez, em Novembro de 2009.
1.9.08
"Mitos Americanos"
Vale mesmo a pena ler este texto de José Medeiros Ferreira no Correio da Manhã sobre os "Mitos Americanos." Sobretudo pela importância de falar das coisas como são e não como gostaríamos que fossem.
30.8.08
O Governo, a "onda de violência" e os media.
Se a "onda de violência" que Portugal conheceu e conhece nas últimas semanas fosse apenas um fenómeno inventado pelos media, como muita boa gente quer garantir, porque razão estaria o Governo a mandar, quase todos as noites, as forças da ordem para a rua onde levam a cabo operações policiais na companhia de inúmeros jornalistas? A não ser, claro, que o Governo reconheça que deve dar o seu aval ao real, ou suposto, festival mediático que tanto critica.
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Media; Violência; Governo.
29.8.08
28.8.08
27.8.08
A Senhora Clinton em Denver
Como é óbvio, e por isso tem uma carreira política, Hillary Clinton quer ser a primeira mulher presidente dos EUA e com isso, também, contribuir para que a dinastia Clinton ganhe um lugar na história política da maior nação do mundo. O seu discurso (ler absolutamente notícia do The NewYork Times) de apoio incondicional e sincero a Obama foi inevitável mas, desculpe-se a contradição, encerrou uma enorme dose de cinismo e de calculismo político. Para a Sra. Clinton a sua chegada à Casa Branca implica a derrota de Obama nas eleições deste ano. Para melhor perceber estas coisas, convém notar que um dos maiores inimigos políticos dos Clinton, e apoiante notável de Obama, chama-se Ted Kennedy e esteve – se é que ainda não está – na convenção do Partido Democrático em Denver onde também discursou. Mas a política é assim e Hillary, e sobretudo o seu marido Bill, tudo farão, nos bastidores, para que Obama perca. O discurso de Hillary ontem foi um dos maiores sapos engolidos pelos Clinton desde 2000. Não será o último. Mas uma vitória de Obama é das últimas coisas que os Clinton podem desejar. É claro que caso Obama ganhe os Clinton não desistirão. Hillary e Bill estão para as curvas e a sua filha, Chelsea, ainda agora saiu da Universidade e tem uma vida inteira à sua frente. Assim saiba manter-se afastada de escândalos que possam ser letais.
25.8.08
O Discurso Mais Esperado do Verão de 2008.
Não percebo nada de política, mas tenho para mim que a substância e a forma do discurso que Manuela Ferreira Leite irá pronunciar na próxima semana na Universidade de Verão do PSD (ou será da JSD?), demonstrará que o silêncio parcial, mas sensato, a que se remeteu de algumas semanas a esta parte foi uma muito boa e bem pensada opção...
Para além de tudo o mais, vale a pena evocar aqui a verdade quase sempre indiscutível existente por trás da velha máxima segundo a qual pouco importa que falem bem ou mal de nós… O importante é que falem. E desde finais de Julho não se fala de outra coisa senão de um silêncio que, de facto, nunca existiu, dando a Manuela Ferreira Leite um protagonismo que certamente saberá potenciar no dia 7 de Setembro.
24.8.08
22.8.08
Cepticismo Ideológico
No hemisfério norte falta menos de um mês para que acabe o Verão. O tempo tem estado uma miséria, pelo menos do Algarve para cima. Em Évora, Beja, Portalegre ou Castelo Branco poucos foram os dias em que a temperatura foi além dos 35º C (no litoral então ainda menos). Eu sei que o Inverno foi suave, mas falar em "aquecimento global" com dois verões fresquinhos consecutivos no hemisfério norte, não convence cépticos ideológicos como é o humilde autor deste blogue.
21.8.08
As Conveniências da Fé
Assim como houve, e ainda há, quem creia que o socialismo ou o liberalismo serão a redenção da pátria, outros há, mais prosaicos, que acreditam que a regionalização será a tábua de salvação de um país pouco ou nada viável.
Por isso, os partidários da "regionalização" ainda mexem. Valha a verdade, porém, que aquilo que move os regionalistas é por demais óbvio. Não passa do desejo de tratar da sua vidinha. É que como isto anda, os "jobs" não chegam para todos aqueles que têm legítimas ambições e não são, com a actual ordem das coisas, devidamente reconhecidos e recompensados.
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Regionalização; "Jobs for the Boys".
Intocável
O ministro das Obras Públicas aproveitou o trágico acidente de aviação ocorrido ontem em Madrid para alardear as vantagens da rápida construção de um novo aeroporto internacional de Lisboa. Como é de esperar, Mário Lino continuará no Governo que o merecido estatuto de intocável.
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Mário Linoa; Novo Aeroporto de Lisboa.
20.8.08
Cego e surdo... mas fala!
Leonel Carvalho, do “gabinete coordenador de segurança”, e igualmente uma anedota política, afirmou à TSF que crimes como o assalto à carrinha de transporte de “valores” esta madrugada na A2 “são frequentes em algumas partes da Europa”. Além de não termos nada que ver com isso, uma vez que o português médio não é nem quer ser especialista em criminalidade, e de ser evidente que o banditismo em Portugal vai provocando cada vez mais insegurança e medo, pode-se ainda concluir que o citado Leonel de Carvalho, que não mantém qualquer contacto com a realidade, é surdo e cego. Naturalmente, e infelizmente, não é mudo…
É verdade que a hipótese posta anteriormente poderá não se confirmar caso Leonel de Carvalho não passe de um serventuário do Governo incumbido de enganar os concidadãos que lhe pagam o salário.
Cavaco Silva para além do "Regime Jurídico do Divórcio"
O veto político posto pelo presidente Cavaco Silva ao novo "regime jurídico do divórcio" significa, pelo menos, duas coisas: que o presidente da República exercerá o seu mandato de acordo com os valores éticos e morais que deram forma à sua campanha presidencial e à sua carreira política; que o presidente da República exerce livremente o seu magistério, sem os constrangimentos próprios daqueles que, tendo-o precedido no cargo, atravessaram os respectivos primeiros mandatos obcecados e tolhidos pela farsa política chamada reeleição.
Drama só é drama se...
Cerca de 150 pessoas terão morrido hoje na sequência de um acidente aéreo ocorrido ao início da tarde junto do Aeroporto de Barajas-Madrid. Trata-se de um drama humano de grandes dimensões e de um acontecimento que merece um tratamento jornalístico cuidado e profissional. Porém, na SIC-Notícias, um pivô perguntava ao correspondente daquela estação em Madrid se haveria passageiros portugueses no voo fatal da Spanair, quando nada indicava que tal pudesse acontecer e não havia dados disponíveis que permitissem facultar aquele tipo de informação. Boçal e paroquial é, infelizmente, também em circunstâncias como esta o jornalismo português, como se um drama humano só o fosse verdadeiramente no caso de envolver protagonistas com passaporte luso.
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Jornalismo; SIC-Notícias.
19.8.08
Luís Amado, Portugal e a Geórgia
É uma tristeza ouvir o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, tão cauteloso na apreciação que faz da crise - que virou guerra - entre a Geórgia e a Rússia. Note-se, aliás, que o faz não em nome da "estabilização do sistema internacional", como pretende Paulo Gorjão, mas em nome dos negócios portugueses com a Rússia, potência economicamente emergente que tem vivido razoavelmente à margem da crise económica e financeira internacional. Mas fazem mal o ministro dos Negócios Estrangeiros e, eventualmente, o primeiro-ministro, em seguirem esta linha de pensamento e acção tão "realista" como desprovida de princípios. Isto porque no "sistema internacional", com OTAN ou sem OTAN, Portugal, como pequeno país, está perto da Geórgia e não da Rússia, e arrisca-se um dia a sentir na pele as angústias da Geórgia e não as da Rússia. É que desde 1975, Portugal deixou de facto de ser uma potência colonial. E nunca como nos últimos 33 anos necessitou e necessita de uma ordem internacional assente em princípios e não na força.
8.8.08
7.8.08
Anti-Pontal
Manuela Ferreira Leite, a meu ver bem, não vai à festa do Pontal. Um acontecimento deprimente e vergonhoso que só desqualifica os políticos e a política aos olhos dos portugueses, sejam ou não sejam eles do "PSD". Até por isso, se percebe bem o tom ácido das críticas feitas por Ângelo Correia à líder do seu partido por não querer estar presente em cima de um palanque ridículo de onde normalmente se debitam enormes irrelevâncias. Mais um ou dois anos sem líder do PSD no Pontal lá para meados de Agosto e pode ser que nos esqueçamos em definitivo daquilo que há muito de tornou um anti-evento político.
Pergunta Óbvia (2)
Há uma cruzada no Diário de Notícias contra a Presidência da República e contra Cavaco Silva?
6.8.08
Descubra as Diferenças
Segundo o Público de hoje, que para o efeito ouviu Mota Amaral, em Setembro de 1986, e quando era presidente da República, Mário Soares vetou o então novo “estatuto político-administrativo” dos Açores aprovado por unanimidade na Assembleia da República. O dito documento foi vetado politicamente por Soares, depois deste de ter recebido e ouvido em Belém chefes militares que manifestaram a sua preocupação para com um importante e perigoso detalhe que constava do dito documento: o “tratamento equivalente entre a bandeira dos Açores e a bandeira nacional.” Como se não bastasse, o seu veto político foi feito em directo na RTP com uma declaração ao país, tendo o “hino nacional” marcado “o início e o fecho da intervenção presidencial.”
Em resumo, pode-se concluir que a diferença entre aquilo que fez Cavaco, no fim do mês passado, e aquilo fez Soares, há quase 19 anos, está na época do ano. Setembro, ao contrário de Julho, presta-se indiscutivelmente a que os chefes de Estado façam “comunicações ao país”.
5.8.08
Ódios de Estimação
Mário Soares, alinhavando uns argumentos absurdos, dedica hoje um artigo de "opinião" no Diário de Notícias aos seus dois ódios de estimação: Cavaco Silva e George W. Bush. Esperemos que desta forma o ex. presidente vá para férias, ou fique de férias, mais aliviado.
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Mário Soares; Cavaco Silva; George W. Bush.
3.8.08
A Queda
«No dia 3 de Agosto de 1968, Salazar encontrava-se no Forte do Estoril e ali esperava permanecer até aos primeiros dias de Outono. Naquela data, um Sábado, recebeu às nove da manhã o seu pedicuro Augusto Hilário. A paixão de Salazar pela leitura de jornais e o facto de Augusto Hilário trazer consigo o Diário de Notícias seriam fatais. Salazar pede o jornal e distraído pela leitura em que imediatamente se embrenha tenta, atirando o corpo para trás, sentar-se numa das cadeiras de lona que se encontrava no terraço do Forte. Se durante décadas foi versão corrente que ao sentar-se, sob o peso do seu corpo e do impulso levado por este, a cadeira se teria partido e Salazar caído, batendo de seguida violentamente com a nuca no solo, Fernando Dacosta sustentou recentemente que o presidente do Conselho se terá deixado cair para trás, falhando a cadeira e produzindo o acidente que se revelaria fatal. Apesar de instado pela sua governanta, Salazar não aceitou ver um médico. Pede ainda que o incidente não seja revelado. Só a 6 é observado pelo Dr. Eduardo Coelho e nada foi diagnosticado. Nesse dia e nos seguintes a rotina mantém-se. Encontra-se com Américo Thomaz e continua a discutir os detalhes da remodelação governamental que se consumou a 19 de Agosto.
Só no dia 6 de Setembro o estado clínico de Salazar é reavaliado pelo neurocirurgião António de Vasconcelos Marques. Após uma primeira observação no Estoril – na sequência de um agravamento do estado de saúde de Salazar ocorrido dias antes –, suspeita-se de um “hematoma intracraniano” ou de uma “trombose cerebral” e existe forte possibilidade do doente entrar em coma a qualquer momento. Feitos exames nos hospitais dos Capuchos e de S. José, não há lugar a um diagnóstico conclusivo. Salazar segue depois para o Hospital da Cruz Vermelha em Benfica onde fica internado.
Só no dia 6 de Setembro o estado clínico de Salazar é reavaliado pelo neurocirurgião António de Vasconcelos Marques. Após uma primeira observação no Estoril – na sequência de um agravamento do estado de saúde de Salazar ocorrido dias antes –, suspeita-se de um “hematoma intracraniano” ou de uma “trombose cerebral” e existe forte possibilidade do doente entrar em coma a qualquer momento. Feitos exames nos hospitais dos Capuchos e de S. José, não há lugar a um diagnóstico conclusivo. Salazar segue depois para o Hospital da Cruz Vermelha em Benfica onde fica internado.
Entretanto, vários notáveis do regime são informados do sucedido e dirigem-se ao Hospital inquietos com o estado de saúde de Salazar e suas implicações políticas. Os médicos sugerem uma intervenção cirúrgica que será decidida por Bissaia Barreto (médico e amigo pessoal do doente) e Eduardo Coelho. Na cirurgia é diagnosticado um “hematoma intracraniano subdural crónico.” Feita aquela, Eduardo Coelho terá afirmado que estava o “problema resolvido”. Não estava.»
"Caixa" de um artigo sobre a "Queda" do presidente do Conselho. A publicar, um destes dias, nos Anos de Salazar distribuídos pelo Correio da Manhã e pela Sábado.
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