19.8.08

Luís Amado, Portugal e a Geórgia



É uma tristeza ouvir o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, tão cauteloso na apreciação que faz da crise - que virou guerra - entre a Geórgia e a Rússia. Note-se, aliás, que o faz não em nome da "estabilização do sistema internacional", como pretende Paulo Gorjão, mas em nome dos negócios portugueses com a Rússia, potência economicamente emergente que tem vivido razoavelmente à margem da crise económica e financeira internacional. Mas fazem mal o ministro dos Negócios Estrangeiros e, eventualmente, o primeiro-ministro, em seguirem esta linha de pensamento e acção tão "realista" como desprovida de princípios. Isto porque no "sistema internacional", com OTAN ou sem OTAN, Portugal, como pequeno país, está perto da Geórgia e não da Rússia, e arrisca-se um dia a sentir na pele as angústias da Geórgia e não as da Rússia. É que desde 1975, Portugal deixou de facto de ser uma potência colonial. E nunca como nos últimos 33 anos necessitou e necessita de uma ordem internacional assente em princípios e não na força.

Sem comentários: