Alguns daqueles que acharam, e ainda acham, que a autodeterminação dos povos e a subsequente e inevitável descolonização não podia ser recusada por Portugal até aos saudosos anos de 1974-75, mesmo que essa realidade tornasse Portugal no país inviável que nos últimos 35 anos tem demonstrado ser, abespinham-se hoje por causa da eventual realização, na Madeira, de um referendo que Alberto João Jardim veio propor aos seus concidadãos para que estes se pronunciem sobre o sentido e a evolução futura do estatuto de autonomia daquele arquipélago. Evocam as vozes críticas, agora virgens, a Constituição. Juram que ela impede aquilo que é um acto politicamente legítimo em qualquer democracia. Ora a verdade é que se a Constituição não permite aquilo que é um acto de legítima soberania popular, então que seja mudada para permitir que os portugueses da Madeira decidam até onde é que querem levar a sua autonomia. Se o limite for a independência (e disso Alberto João Jardim não falou), que venha a independência.
Convém talvez por isso recordar que não só os argumentos políticos se combatem com argumentos políticos, mas também que não será por causa da independência da Madeira (ou dos Açores) que Portugal se tornará mais inviável, ao mesmo tempo que todos sabemos que a Madeira será sempre bem mais factível do que Timor-Leste, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau e, ao menos nos próximos 25 a 50 anos, do que Angola ou Moçambique. Sendo ainda que sempre passará a haver por aí mais um Estado onde se fala a língua portuguesa: na ONU, na OTAN, na União Europeia, na UNESCO, na OMS, e por aí fora.
Sem comentários:
Enviar um comentário