Caríssimos leitores e caríssimas leitoras deste blogue. Por este ano é tudo. Para o ano, embora não prometa, haverá mais.
Votos de um bom ano novo!
não passa de uma intenção
"The Bush administration wants to contain Iran by rallying the support of Sunni Arab states and now sees Iran's containment as the heart of its Middle East policy: a way to stabilize Iraq, declaw Hezbollah, and restart the Arab-Israeli peace process. But the strategy is unsound and impractical, and it will probably further destabilize an already volatile region."
Às oito da manhã na TSF e à uma da tarde na TVI, lá disseram os jornalistas de serviço, diligentemente, que o alargamento do "espaço" Schengen à Europa central e de leste punha finalmente um ponto final na história da "Cortina de Ferro". Ou seja, a "Cortina", que nos tínhamos habituado a considerar sinónimo da divisão da Europa por causa da ocupação militar soviética de países como a Checoslováquia, a Bulgária, a Roménia, a Hungria e dos três estados Bálticos, tinha afinal, para espanto meu, sobrevivido dezanove anos à queda do Muro de Berlim, dezassete à implosão da URSS e, consequente, ao fim da Guerra Fria. Como a afirmação foi produzida duas vezes em órgãos de informação tão distintos, é óbvio que ela só pode ter tido origem externa às redacções. Por isso, só me pergunto se tão arrojada afirmação é sinónimo de puro revisionismo histórico ou de singelo servilismo ideológico perante os superiores desígnios da "Nova Europa"? Por mais que uma coisa vá dar à outra.
A provável e talvez inevitável independência do Kosovo está, compreensivelmente, a baralhar muita gente e a mostrar como, também nestas coisas da autodeterminação e independência de "povos" e "nações", é muito difícil manter coerência política e ideológica. É sobretudo o caso daqueles que se opõem à eventualidade.
Mais um “segurança da noite” – seja lá o que isso for – foi assassinado ontem com tiros de metralhadora em Gaia à porta de sua casa. Parece que é a sexta personagem da noite que morre baleada ou esfaqueada. O que faz o Governo? Assobia para o lado, garantindo que tudo está sob controle. O ministro da Administração Interna, personagem politicamente absurda, tem que sair do Governo e a polícia e os tribunais têm que actuar. E não me venham dizer que andam a investigar. Num meio como o da "noite" toda a gente sabe de onde é que vem o perigo e quem é que pode ser assassinado a seguir. Se ninguém faz nada é caso para desconfiar de tamanha impotência, o que quer dizer que as teias tecidas pela "noite" entram pelas polícias e pelo ministério público do Porto dentro.
Com o intuito de promover uma nova imagem do nosso país – e tudo, na vida como na morte, se resume para este Governo a uma “questão de imagem” –, parece que está para rebentar mais uma campanha "mediática" sobre Portugal lá fora. Custou uns três milhões de euros (coisa pouca tendo em conta uns grandes resultados que serão obtidos) e conta com a participação de grandes portugueses vivos que vão do génio Cristiano Ronaldo à humilde Marisa, passando pelo impagável Mourinho. Pelo meio aparecem outros grandes portugueses mais ou menos obscuros, mas com grande obra que falará por si e por eles. Mas há uma ausência lamentável, inexplicável e, até, provocatória. O nosso primeiro Sócrates não aparece. Os “criativos” da campanha, aparentemente, ignoraram-no. Ora, pergunto eu: existe, em Portugal português maior do que ele e que mais tenha contribuído para a nova imagem de um Portugal melhor? É o que se pode chamar um desperdício insustentável de recursos. Tão elegante, tão culto, tão determinado, tão educado, tão tudo! E nada. Não aparece!
Não se pode negar que Portugal foi notícia em Espanha por causa da cimeira Europa-África concluída hoje. No entanto, os holofotes sobre a dita, e ao menos nos "telejornais" da TVE, centraram-se num encontro realizado em Lisboa, durante a cumbre, que juntou à mesma mesa Zapatero e Sarkozy para discutirem a cooperação franco-espanhola na luta contra o terrorismo etarra (ver aqui a cobertura do evento pelo El Mundo on-line). Isto para dizer também que seria importante perceber o que é os media de cada de cada país europeu ou africano consideraram valer a pena destacar da citada e redundante cimeira. Tais perspectivas serão interessantes e importantes em si mesmas, mas mais ainda por nos fazerem recordar como foi patético e supérfluo o discurso oficial português e europeu sobre o evento.
No dia 1 de Dezembro de 1640 deu-se início, com um golpe palaciano bem sucedido que pretendia pôr fim ao domínio espanhol em Portugal, a uma das mais relevantes e dramáticas revoluções políticas e sociais que o nosso país conheceu em mais de "oitocentos anos de história." Essa Revolução, aguardada por um país e um império ocupados e um povo humilhado e violentado pela boçalidade espanhola, restituiu-nos não apenas a liberdade e a independência. Trouxe de volta a dignidade entretanto perdida.