29.3.08

Amy Winehouse - "Back To Black Live In London"

Não sou dado, há muitos anos, a deixar-me levar por novidades musicais. Amy Winehouse é a única excepção que registo nos últimos 20 anos. Se dúvidas restassem, confirmei a sua excepcional qualidade e dos que acompanham ao ter visto e ouvido, esta madrugada, na SIC Radical, parte de um seu concerto em Londres. Abaixo seguem dois momentos do dito.


26.3.08

Finanças e Economia



José Sócrates está muito satisfeito com aquilo que designa como o fim da crise orçamental. Eu percebo e até, humildemente, o posso felicitar por isso. Mas enquanto se aguardam pelos números finais do déficit orçamental relativos a 2007, e que o INE divulgará hoje à tarde, vale a pena ler outros números e outras palavras do INE. Por um lado, a euribor não pára de subir. Por outro, o consumo estagna, o investimento "desacelera" e as "exportações continuam a abrandar." Valha-nos o facto da inflação estar abaixo da média da zona Euro.

George W. Bush

Para ajudar a matar as saudades que já tenho de George W. Bush...

20.3.08

Traditional carol medley - Judy, Liza, Mel Tormé and friends

Como é Páscoa, mas o tempo é invernoso, aqui vai um medley com canções de Natal gravada no tempo em que tudo era a preto e branco (ou pelo menos parecia).

"Life is just a bowl of Cherries "

Quando, a propósito do 5.º aniversário do início da guerra no Iraque, muitos velhos "falcões idealistas" se transformaram, num passo de mágica, em raposas "realistas", o primeiro-ministro Gordon Brown anunciou que, num gesto pleno de senso comum, se vai encontrar com o Dalai Lama no próximo mês de Maio no Reino Unido. Faz bem. É que não só uma diplomacia (também) com princípios nunca fez mal a ninguém, como aquilo que se está a passar no Tibete e em algumas províncias chinesas ocidentais pode não ser apenas mais do mesmo. Muita coisa está a mexer-se no Império do Meio. E não é apenas a economia.

Nacionalizações na Banca

Ainda há algumas, poucas, opções em cima da mesa para tentar travar a crise que atravessam muitas das grandes instituições financeiras norte-americanas (e não só). Se essas opções falharem, resta uma cada vez mais provável: a nacionalização de muitas daquelas instituições (à semelhança do sucedido com o Northern Rock no Reino Unido). Está tudo aqui e não deixa ser curioso, irónico e realista... A nacionalização pode ser o passo mais seguro e racional para salvar o capitalismo.

17.3.08

Comparações

Descobri hoje que Salazar foi, durante 36 anos, presidente do Governo Regional da Madeira. Só a partir desta dedução sou capaz de perceber comparações que têm tanto de mau como de pouco imaginativo.

14.3.08

Sou Geraldine Ferraro

Gerldine Ferraro, ao afirmar que Obama está onde está nas primárias democráticas apenas por causa da cor da sua pele, disse o óbvio. Mas como vivemos, mais do que nunca, numa época em que não se pode dizer aquilo que entra pelos olhos de todos os que querem e podem ver, sobretudo se é politicamente incorrecto, Ferraro acabou renegada por Hillary Clinton (que talvez tenha também constatado que pode estar onde está, e como está, apenas por ser mulher).
Em dias como estes, e imodéstia à parte, sou Geraldine Ferraro.

10.3.08

O PSOE e Zapatero ganharam ontem as eleições espanholas. No entanto, e apesar do triunfo, os vencedores não tiveram a maioria absoluta que chegaram a pedir e viram os seus amigos nacionalistas de esquerda e de centro-direita descerem em número de votos e de deputados (excepto a CiU). Os comunistas, da Esquerda Unida, também desceram muito significativamente pagando a sua ingenuidade e estupidez política. Ou seja, identificaram-se tanto com muitas políticas do PSOE e apoiaram-no tanto em situações em que podiam perfeitamente ter ficado calados ou falado muito menos – nomeadamente na questão do diálogo com a ETA e nos ataques ao PP por causa do terrorismo – que grande parte do seu eleitorado não teve quaisquer problemas em emigrar para os socialistas.
Resumindo, o PSOE subiu crescendo sobretudo à esquerda e reforçando a sua posição junto de eleitorado que normalmente vota… PSOE. Viu ainda aumentar o número de votos por causa de algumas políticas sociais que os comunistas poderiam ter feito. Também subiu a sua votação por que muito eleitorado menos fiel aos nacionalistas do País Basco, da Galiza e da Catalunha (refiro-me à ERC) vê agora em Zapatero e no PSOE os intérpretes e os executantes de boa parte dos programas e das agendas daquelas formações políticas. Ganharam-se votos que facilmente seriam conquistados e se perderão à menor tergiversação.
Isto quer dizer que foi uma parcela do centro do eleitorado que acabou por alimentar o crescimento do PP, o que significa que é aí que, no futuro, a direita espanhola deverá crescer para poder voltar ao Governo em Madrid e para reconquistar posições perdidas em governos autónomos como o galego. Por outro lado, ficou bem patente que o seu discurso “crispado” tem uma importante base de apoio social e cultural No entanto, e como é bom de ver, o PP perdeu. Mas perdeu honrosamente porque subiu e, portanto, não se deixou encurralar, ou melhor, muitos eleitores não permitiram que fosse encurralado à direita como formação política e ideologicamente sectária. O seu discurso, a sua prática política, a sua ideologia e a sua liderança recolhem grandes apoios, e colherá ainda mais quando se perceberem no segundo mandato de Zapatero as intenções deste no domínio da política autonómica, a sua incapacidade para projectar uma forte política externa espanhola ou, e sobretudo, a sua impotência para enfrentar com êxito os problemas económicos que já chegaram e as questões sociais graves que daqueles decorrerão como, e sobretudo, o desemprego. Convém aliás não esquecer que Zapatero prometeu criar 2 milhões de postos de trabalho em quatro anos.
De qualquer modo, a estratégia de guetização do PP que o PSOE tem levado a cabo desde que regressou ao poder não apenas fracassou como acentuou uma bipolarização que a prazo favorecerá mais o PP do que os socialistas. Isto porque o PSOE facilmente perderá votos à sua esquerda, caso as coisas corram mal – ou menos mal –, do que o PP ao centro.
Não sabemos o que irá acontecer nos próximos anos no que respeita às questões nacionais, ao terrorismo e, sobretudo, à economia. Porém, em 2012, e caso Zapatero e PSOE se aguentem no poder até lá, o PP tem francas possibilidades de chegar ao Governo. Resta saber que Espanha haverá em 2012.

P.S.: Diz-se que a Igreja Católica espanhola também saiu derrotada nestas eleições. É capaz de ser verdade, mas também não me parece que os bispos estejam muito preocupados com esse facto. Convém recordar que a Igreja Católica tem quase dois mil anos. Além disso, quantos processos de laicização radical das sociedades foram invertidos e subvertidos desde 1789?

8.3.08

Que Fazer?

A manifestação de hoje em Lisboa, que terá contado com a presença de quase 100 mil professores (não descontando os que nela participaram mas não dão nem nunca deram aulas na vida), não causa apenas sérios problemas ao Governo e ao PS. Provoca também dificuldades àqueles para quem tudo correu pelo melhor: os docentes e os sindicatos. Digo isto, pela simples razão de que os grandes protagonistas do dia estão confrontados com um problema e uma pergunta muito simples e leninista na formulação, mas difícil na resposta. O que fazer com a vitória política desta tarde? Se sindicatos e professores não responderem ou responderem mal ao problema e à pergunta tudo terá sido em vão.

7.3.08

Os Desempregados dos Outros




A economia norte-americana perdeu 63 mil empregos em Fevereiro último. Se George W. Bush fosse Sócrates, saberia certamente como transformar uma tragédia económica e social e um importante problema político num caso de sucesso para o país e para a sua Administração.
Já agora, e para que conste, em Espanha o número de desempregados cresceu em 53 mil no mesmo mês de Fevereiro. Comparem-se os EUA com Espanha e facilmente se percebe onde é que, de facto, existem sérios e graves problemas económicos. Compreende-se por isso a razão pela qual Zapatero anda prometer em campanha a criação de 2 milhões de empregos. Tem um grande problema entre mãos e acha que aprendeu alguma coisa com Sócrates.

6.3.08

O Predestinado

No debate da passada segunda-feira entre Zapatero e Rajoy, ficou claro que o presidente do PSOE e actual (e futuro) presidente do Governo espanhol só pensa em poder voltar a dialogar com a ETA. Este fortíssimo desejo terá várias explicações, mas uma delas parece-me óbvia. Zapatero, sabe-se lá porquê, considera-se um predestinado no que respeita à resolução do problema do terrorismo em Espanha e, por isso, imputa não à ETA mas ao PP e a Rajoy o fracasso da sua política antiterrorista dos últimos quatro anos.
Para além de tudo isto, e como é óbvio, convém recordar que os predestinados são um perigo para qualquer sociedade e para qualquer sistema político.

A Entrevista da Ministra





A entrevista da senhora ministra da Educação esta noite na RTP só teve um objectivo. Tentar desmobilizar os professores para a "grande" manifestação de Sábado, dia 8, em Lisboa. Nesse mesmo dia, à noite, saber-se-á se resultou ou não.
Ouvi hoje na TSF a notícia da morte de Joel Serrão. Não me admirei. Há vários anos que se encontrava muito doente. Fui seu aluno de mestrado antes de ter assentado praça na EPI em Mafra no longínquo ano de 1989. Quando regressei à Universidade foi para frequentar outro mestrado, mas as aulas de Joel Serrão foram inesquecíveis, apesar de na altura o coordenador do Dicionário de História de Portugal não possuir já o vigor de outros tempos.
Mas antes de Joel Serrão, faleceram outros excelentes professores da minha licenciatura e/ou mestrado em História dos Séculos XIX e XX na FCSH-UNL. Primeiro foi João Cordeiro Pereira, excelente comunicador e inteligência superior. Depois, Luís Krus, um dos mais notáveis medievalistas portugueses da sua geração. A seguir, Oliveira Marques meu professor de História de Portugal Medieval e de História de Portugal Contemporâneo. Finalmente, e há bem pouco tempo, faleceu a professora Sacuntala de Miranda que publicou umas memórias e vários estudos de história económica e social tão fascinantes como importantes e despretensiosos. Todos eles morreram precocemente ou ficaram "inutilizados" demasiadamente cedo. Parece-me uma praga, e como todas as pragas há no desaparecimento de cada um deles qualquer coisa de inexplicável. Fica a memória e os livros e artigos de cada um deles para ler e reler. Consola, mas pouco!